A exemplo do que já foi feito por China e União Europeia, Brasil e China também podem criar uma taxonomia (padrões comuns) de práticas de agricultura sustentável, que facilitem o acesso de produtos agropecuários brasileiros ao mercado chinês e também a financiamento para estimular essa produção. A avaliação foi feita ontem (3) pelo presidente do Institute of Finance and Sustainability (IFS), Ma Jun, durante o 2º Diálogo Brasil-China sobre Agricultura Sustentável, promovido de forma online pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
“Com a União Europeia, chegamos a uma taxonomia com mais de 70 itens, inclusive para a agricultura. Essa experiência talvez possa ser replicada para o Brasil, poderia haver uma taxonomia exclusiva para agricultura, de Brasil e China”, afirmou Ma Jun, que foi economista-chefe e membro do Comitê de Política Monetária do Banco do Povo da China (o banco central do país). “É do interesse do consumidor chinês ter produtos de maior qualidade, produtos verdes. Se for do interesse de todos, podemos começar esse trabalho”, reforçou.
Ma Jun explicou que o trabalho com a UE levou cerca de dois anos e, com o Brasil, poderia começar com um produto selecionado. Com as regras estabelecidas para tal produto, ele receberia um selo e seria levado ao mercado como item de alta qualidade, passível de receber benefícios governamentais, como redução tributária, e de instituições financeiras, como taxas de juros mais baixas. “Essa é uma discussão que podemos ter. Finanças sustentáveis precisam de indicadores; cada país tem o seu, mas não há reconhecimento mútuo”, ponderou.
Caso a criação de uma taxonomia comum a Brasil e China para produtos agropecuários considerados sustentáveis tenha êxito, o trabalho também poderia ser levado para “dentro” dos Brics (grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia e China), na avaliação do presidente do IFS.
O secretário-adjunto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, José Ângelo Mazzillo Júnior, que participou do debate, recebeu de forma positiva a proposta. “É fundamental ter isso (padrões comuns). Para mim teria de ser para ontem”, disse. Na avaliação de Mazzilo Júnior, contudo, tal taxonomia poderia servir para outras relações comerciais, não somente com a China. “Não começaremos do zero, porque já foi feito muita coisa (na agropecuária brasileira). O mercado e investidores só precisam deixar claro o que querem que a gente prove”, afirmou.
O vice-presidente do Banco da China no Brasil, Hsia Hua Sheng, reforçou a proposta feita por Mazzillo Júnior, de estabelecer uma taxonomia válida não somente para o mercado chinês, como também o internacional. “O Banco da China já segue a taxonomia estabelecida entre China e União Europeia. Poderíamos pensar em algo internacional; se pudéssemos unir China, UE e Brasil, seria o cenário ideal, porque facilitaria o crédito sindicalizado (concedido de forma conjunta por mais de um banco e investidores) e a atração de mais instituições financeiras”, explicou.
Fonte: Estadao
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