Soja, Carnes, Produtos Florestais, Cana de Açúcar, Café e Carbono
Ano após ano o agronegócio brasileiro se destaca na nossa balança comercial, e no último mês de agosto não foi diferente. Tivemos uma alta de 36,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior, alcançando a marca de US$14,81 bilhões, 48% das exportações do país.
Ao analisarmos os cinco primeiros meses do ano, de acordo com os dados da Câmara de Exportação do Brasil, a participação do setor nas exportações atingiu 51% e somaram US$63,62 bilhões, uma alta de 29% e novo recorde para o período. Os cinco maiores exportadores do agronegócio de janeiro a maio foram: o complexo soja com 53,9% de participação; carnes com 14,8%; produtos florestais 10,4%; complexo sucroalcooleiro 4,4% e café 4,2%.
Números impressionantes sem dúvida, mas temos potencial para aumentar significativamente o nosso portifólio de comercialização com outro “produto”, créditos de carbono.
Em 2015 com o Acordo de Paris, os países signatários se comprometeram em adotar medidas que limitem o aquecimento global abaixo dos 2ºC e assumiram metas climáticas de redução das emissões ou remoção de gases do efeito estufa (GEE). Estamos falando em reduzir a emissão anual de 52 bilhões de toneladas em carbono equivalente (CO2, metano e outros gases) no planeta, o que representa um imenso desafio tecnológico, econômico e social. Teremos que desenvolver novas tecnologias e processos industriais, mas principalmente rever a maneira como nos deslocamos, consumimos, produzimos alimentos e energia.
O mercado de créditos de carbono foi previsto no artigo 6 do Acordo, mas só teve suas regras básicas de comercialização estabelecidas em 2021, na COP26 em Glasgow. De forma suscinta, os países que não alcançarem suas metas poderão mitigar seus resultados adquirindo “créditos de carbono” de países que superaram suas reduções. Esse mercado vem crescendo e ganhando força.
Nosso etanol coloca o Brasil em uma posição de destaque. Temos um biocombustível economicamente viável, com toda a cadeia de produção, distribuição e comercialização estabelecidas de forma consistente e negativo em emissões – significa que no balanço final, o processo de produção vai além da neutralidade retirando mais carbono da atmosfera do que emitiu. Com a regulamentação do RenovaBio, as usinas certificadas têm 1 CBIO (crédito de descarbonização) para cada tonelada de CO2 evitada pela substituição do combustível fóssil.
Outra forma de produção de créditos de carbono tem crescido bastante: a aquisição de áreas degradadas para restabelecimento da vegetação, com o plantio de árvores e espécies nativas consorciado com uma produção agrícola de baixo impacto (como o plantio direto). Quando comparamos essa mesma área reflorestada com a sua situação anterior de degradação, o carbono sequestrado resulta em créditos para venda.
É um novo horizonte que se apresenta. O agronegócio brasileiro pode produzir alimentos e energia em equilíbrio com o meio ambiente, resultando na geração de divisas e contribuindo para a redução do aquecimento global.
COLUNISTA: Rodrigo Amoroso
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