A moagem de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil na safra atual (2022/23) e a produção de açúcar da principal região produtora do país ficarão acima das expectativas, disse a consultoria JOB Economia nesta quinta-feira, apontando melhores condições climáticas e maior destinação da matéria-prima para o adoçante, que tem dado mais lucros, diferentemente do etanol.
“O clima no Brasil, de forma geral, está melhor que aquele da safra passada. Em consequência disto, a cana disponível para moagem no centro-sul deve aumentar em relação à nossa previsão de abril”, disse Julio Maria Borges, sócio-diretor da JOB, em nota.
A estimativa de moagem foi elevada para 566 milhões de toneladas, 1,43% acima da projeção de abril, apontou a consultoria. Com isso, a safra deverá ter um crescimento de 43,2 milhões de toneladas na comparação com a temporada passada, quando o canavial foi atingido por severa seca e até geadas.
Já a produção de açúcar do centro-sul do Brasil foi estimada em 34,8 milhões de toneladas em 2022/23, versus 33,5 milhões na previsão anterior e 32,10 milhões na safra passada.
“O mix açucareiro aumentou nesta previsão de safra em relação à nossa primeira revisão de abril/22. Passou de 44,1% para 46,1% no centro-sul. Como consequência, a estimativa de produção de etanol de cana se reduziu…”, disse o sócio-diretor da JOB.
Como consequência do aumento na projeção para o açúcar, as exportações do adoçante também foram revisadas de 24,5 milhões para 25,6 milhões de toneladas, ficando 1 milhão de toneladas acima da temporada anterior.
“Esta preferência para o açúcar se deve basicamente por razões econômicas do momento: o açúcar dá lucro e o etanol, prejuízo.”
A mesma lógica vale para a previsão da safra do Norte e Nordeste, com moagem estimada em 57 milhões de toneladas, perto do recorde regional e acima das 53,7 milhões de toneladas da temporada passada, devido a “boas chuvas”.
Dessa forma, a produção total de açúcar do Brasil foi estimada em 38,10 milhões de toneladas, versus 35 milhões em 2021/22. A exportação de todo o país foi prevista em 27,35 milhões de toneladas em 22/23, crescendo pouco mais de 1 milhão de toneladas ante o ciclo passado.
O Brasil, maior exportador global de açúcar, tem disputado com a Índia o posto de maior produtor.
Considerando a produção de etanol, o centro-sul deve produzir menos biocombustível ante o esperado, com o volume estimado em 29,1 bilhões de litros, versus 30,2 bilhões na previsão anterior, principalmente pelo menor “mix” de cana direcionado ao produto.
Na safra passada, a produção ficou em 27,56 bilhões de litros (de cana e milho).
Na nova estimativa, a produção de etanol de milho, vista em 4,1 bilhões de litros, foi mantida, devendo crescer na comparação com os 3,47 bilhões de litros do ciclo passado.
“O consumo de etanol combustível no mercado interno do Brasil tem ligeiro aumento sobre a safra passada e foi limitado até agora pelo tumulto tributário nos combustíveis líquidos do país”, opinou Borges.
Segundo ele, “daqui para frente esperamos que o etanol se mostre competitivo na bomba frente a gasolina e aumente seu consumo”.
Fonte: Reuters
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