A Petrobras não vê conflito entre a produção do seu diesel renovável e o biodiesel, e aguarda apenas a regulamentação do HVO (sigla em inglês para Hydrotreated Vegetable Oil) para iniciar a comercialização da sua produção dentro do mandato da mistura ao diesel, informou ao Estadão/Broadcast o gerente executivo de Comercialização da estatal, Sandro Barreto.
Os testes comerciais realizados em Curitiba com o novo combustível foram bem sucedidos, e os planos agora são de expansão da produção, incluindo a construção de uma biorrefinaria dedicada nos próximos cinco anos e outras plantas de coprocessamento em alguma refinaria da região Sudeste, ainda a ser escolhida.
Durante seis meses, quatro ônibus da Autoviação Redentor circularam com o Diesel R5 na cidade de Curitiba (PR). O teste foi conduzido pela Petrobras, Vibra Energia, Mercedes-Benz, URBS (órgão que gerencia o transporte coletivo e comercial em Curitiba), além da Autoviação Redentor.
O teste de frota despertou o interesse do mercado pelo produto. Na primeira quinzena de setembro, a produção de 1.500 m3 foi comercializada com distribuidoras. A previsão é que no ano que vem, novos lotes de diesel com conteúdo renovável estejam sendo oferecidos no mercado.
Para a produção do novo combustível na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), uma das unidades coloca à venda pela estatal, em Araucária, Paraná, foram necessários investimentos no recebimento e transferência da matéria prima renovável. A produção ocorre a partir do coprocessamento (processamento conjunto) de matérias primas renováveis, neste caso, óleo de soja refinado, com óleo diesel mineral, utilizando unidade operacional já existente.
“HVO é o produto que mais cresce no mercado e o coprocessamento existe nos principais produtores do mundo. A produção mundial se faz tanto por plantas dedicadas como por coprocessamento. Não é uma jabuticaba brasileira, é uma tecnologia própria da Petrobras, mas a produção é comum no mundo e muito utilizada”, explicou o executivo.
Querosene de aviação
A produção de HVO também é fundamental para que a empresa siga as normas mundiais do bioQAV, querosene de aviação sustentável que será obrigatório em 2027. Também estão nos planos da companhia desenvolver biobunker (combustível de navio) e asfaltos menos poluentes.
“Esperamos de forma muito positiva que isso seja regulado, é importante para novos investimentos, principalmente para plantas dedicadas, que é um investimento maior. Todos os produtores de HVO estão interessados que seja regulado, porque hoje o HVO já é competitivo com o biodiesel em qualquer cenário”, afirmou. A regulação será feita pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Fonte: O Estado de S. Paulo
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