Pelo menos uma vez ao mês, um ou dois navios zarpam do porto de Rio Grande (RS) com destino a Suape (PE) levando combustíveis produzidos pela Vibra. Essas viagens pela costa – que duram aproximadamente cinco dias – geraram uma economia de R$ 36 milhões para a empresa em 2022. Além disso, impediram a emissão de 10 mil toneladas de CO2 equivalente por caminhões.
A companhia projetava um aumento de 20% no volume de combustível transportado via cabotagem no passado. No entanto, a forte demanda pelo produto no Nordeste deu tração para um crescimento ainda maior.
O modal foi usado para escoar 63 milhões de litros de biodiesel e 173 milhões de litros de etanol, com aumentos em relação a 2021 de 33% e 51%, respectivamente, informa a empresa.
Em 2022, a empresa vendeu 300 milhões de litros de biodiesel e 330 milhões de litros de etanol no Nordeste. Logo, ainda há um potencial enorme para expandir a cabotagem. A expectativa é crescer entre 15% e 20% nesse modal este ano.
“Os biocombustíveis são produzidos majoritariamente no Sul e no Centro-Oeste. E não há nenhuma unidade produtora sendo construída no momento. Teremos que levar por rodovias ou por cabotagem, que é mais eficiente”, disse ao Valor o vicepresidente executivo de operações, logística e sourcing da Vibra, Marcelo Bragança.
Cada navio é carregado geralmente com 5 milhões de litros de biodiesel, enquanto um caminhão bitrem usado nas operações por terra leva no máximo 60 mil litros.
A cabotagem faz parte dos planos da Vibra para zerar suas emissões de CO2 nos escopos 1 e 2 – que envolvem as operações diretas da companhia e o uso de energia – até 2025. Para suportar essa estratégia, parte do R$ 1 bilhão investido em infraestrutura nos últimos três anos está sendo usado para aumentar a capacidade de armazenamento nos portos de Belém, Cabedelo, Santarém e Suape.
“Duas obras grandes nos terminais ficarão prontas em 2024”, diz Bragança. “E nós também trabalhamos bastante os fornecedores no Sul, porque o biodiesel é higroscópico (tende a absorver água com o tempo, o que não é bom). Fizemos toda uma revisão na cadeia logística e nos nossos processos.”
Mesmo o encarecimento do combustível dos navios no ano passado – a guerra na Ucrânia deflagrou uma forte alta do petróleo, que puxou os preços dos derivados – não frustrou a aposta da Vibra em cabotagem. “O custo do transporte rodoviário também é impactado pelo petróleo, mas, devido à escala, o modal marítimo é mais eficiente”, explicou.
Um dos investimentos atualmente em curso na empresa é transformar o porto de Santarém em um ponto focal para navios de grande porte, porque muitas vezes o transporte local é feito por barcaças menores. As operações no Nordeste também servirão para trazer insumos importados via cabotagem até as fábricas no CentroSul brasileiro.
Fonte: Valor Econômico
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