Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão,
Águas que banham aldeias e matam a sede da população.
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Guilherme Arantes
Um bem natural e abundante, porém finito. Propicia saúde, desenvolvimento e bem estar, mas, se há escassez, pode causar pobreza, desalento e até guerras.
Estimativas recentes mostram que 31 países já sofrem com o estresse hídrico, condição em que a demanda por água é maior do que a sua disponibilidade. Por todo o planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde, há cerca de 900 milhões de pessoas sem acesso à quantidade de água mínima para as necessidades básicas. Se mantivermos o atual ritmo de crescimento populacional, faltará água para cerca de cinco bilhões de pessoas até o ano de 2050 – metade da população mundial, portanto.
A falta de água não afeta apenas as comunidades humanas. Há uma iminente ameaça à biodiversidade com risco de extinção de inúmeras espécies. Há várias espécies que são obrigadas a procurar outras áreas, onde terão que se adaptar às novas condições. Há outras que, incapazes de migrarem, acabam tendo sua população reduzida ou, muitas vezes, extinta.
Diante de tanta essencialidade, como ainda não conseguimos passar do discurso de sua importância para a prática do seu uso racional? Mesmo no Brasil, onde há abundância de água doce, mais de 70 milhões de brasileiros poderão enfrentar falta d’água até 2035. Mesmo assim, continuamos poluindo e desperdiçando esse recurso que é único e finito.
Segundo levantamento do SOS Mata Atlântica, realizado em sete estados brasileiros, a água é ruim ou péssima em 40 por cento dos 96 rios, córregos e lagos avaliados. Durante minha gestão como Secretário de Agricultura de São Paulo, conseguimos melhorar a qualidade de mananciais com a implantação do Projeto Nascentes de Holambra, que recuperou 171 olhos-d’água no município e com a proteção, em Botucatu, de 245 hectares no entorno dos cursos d´água, fundamentais para a recarga dos aquíferos.
Essas experiências poderão ganhar escala agora, depois da aprovação da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que tive a honra de relatar na Câmara dos Deputados. Uma legislação que reconhece e, principalmente, remunera as ações em prol manutenção da cobertura vegetal, especialmente no entorno de nascentes.
Outro desafio é o desperdício. Torneiras mal fechadas, banhos demasiadamente demorados, lavagem de calçadas, excessos na limpeza dos carros, dentre tantas outras práticas são exemplos de maus hábitos da população. Desperdício também nas tubulações públicas antigas ou danificadas, ou ainda por obras mal realizadas.
Enquanto no Brasil, 41% de toda a água tratada é perdida na distribuição, na Alemanha, a perda é de apenas 9% – por sinal, a média dos países europeus. Por isso, o esforço do Congresso Nacional em aprovar, em 2020, o Novo Marco Legal do Saneamento, que trouxe padrões de qualidade e de eficiência a serem cumpridas pelas concessionárias.
A água é o nosso recurso mais precioso e a sua preservação depende da participação de todos. Do setor produtivo, cobramos mais cuidado na sua gestão; do setor público, precisamos de políticas publicas para o seu uso racional; e da população, esperamos uma mudança profunda no seu padrão de consumo.
É necessário entender que cuidar da água é cuidar da natureza… é cuidar do nosso futuro.
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