Unidade é considerada a “joia da coroa” do patrimônio. Localizada em Coruripe, no interior de Alagoas, a usina Guaxuma – símbolo do apogeu do império do ex-deputado e ex-senador João Lyra, falecido em 2021, aos 90 anos – está no centro de uma nova disputa entre os herdeiros e a administradora da massa falida da Laginha Agroindustrial. No mês passado, a gestão responsável pela solvência dos negócios do grupo decidiu por um arrendamento parcial da área.
Entre o edital e o prazo final de inscrição de interessados foram menos de dez dias. Além disso, não houve divulgação em veículos de imprensa de circulação nacional. O resultado foi o aparecimento de apenas um grupo interessado, sobre o qual recaem acusações de falta de fôlego financeiro e de garantias.
Para uma parte dos herdeiros de Lyra, o negócio também está sendo feito em momento inoportuno, pois a fazenda está prestes a fazer a colheita da cana, ou seja, os lucros ficariam com os arrendadores. Além disso, eles reclamam que o arrendamento parcial da terra poderá perpetuar o processo de finalização do pagamento dos débitos, o que foi chamado de “falência eterna”]
Com 180 quilômetros quadrados de área, se fosse uma cidade paulista, a usina seria maior do que 188 dos 645 municípios do estado de São Paulo. Ali, além de uma fazenda e um parque industrial criado para a moagem e processamento de 1,8 milhão de toneladas de cana-de-açúcar por safra, há centenas de máquinas, equipamentos e automóveis abandonados.
O restante são terras aptas a receber enormes plantações ou para serem exploradas pelo turismo. Estima-se que a gleba valha mais de R$ 1 bilhão, apesar de seu abandono e de questões como subavaliação oficial e centenas de invasões promovidas na última década.
Durante seu funcionamento, a partir da década de 1960, a Guaxuma era mais do que uma enorme fazenda com uma usina no meio. Ao todo, o local possui quarenta edificações, como uma pequena vila com nove casas, além de seis enormes armazéns, um clube, posto médico, pequeno prédio de escritório e algumas oficinas, entre outros espaços.
Símbolo de uma época em que os usineiros tinham enorme poder no país, João Lyra construiu seu império a partir da década de 1950. No auge, o empresário, nascido em Pernambuco, controlava cinco plantas de produção de cana-de-açúcar – quatro em Alagoas e uma em Minas Gerais –, além de concessionárias de veículos, rádio, jornal, muita terra e uma empresa de táxi-aéreo, entre outras. O grupo chegou a ter 26 mil empregados e parte de suas receitas ajudava a irrigar as conexões políticas do proprietário.
Quando o ciclo de ouro das usinas no país se encerrou, a exemplo de muitas outras companhias do setor, o grupo de Lyra sofreu um baque enorme. A montanha acumulada de dívidas saiu do controle, até que o conglomerado foi à bancarrota, em 2014.
Agora, seus seis filhos travam uma disputa acirrada sobre os rumos da massa falida da Laginha Agro Industrial, avaliada em R$ 4 bilhões, incluindo R$ 900 milhões em caixa e cerca de R$ 1 bilhão em precatórios. Em tese, é possível pagar aos credores e ainda preservar uma parte considerável dessa fortuna.
Fonte: Nova Cana
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