Com potencial de reduzir o uso de combustíveis fósseis, amplamente reconhecidos como os principais culpados na emissão dos chamados gases de efeito estufa, a cana-de-açúcar se estabeleceu no Brasil como uma fonte de energia renovável e limpa. Para o analista político Sergio Balaban, esse cenário surge em meio à crescente popularidade dos carros flex movidos a etanol e coloca o Brasil à frente de outros países no que diz respeito à mobilidade de baixo carbono.
O flex deveria ser o nosso principal trunfo no processo de descarbonização, mas para isso acontecer o governo precisa de uma política para dar maior competitividade ao setor do etanolSergio Balaban, chefe de gabinete de Fernando Farias
O grande trunfo dos carros flex, segundo o especialista, é a capacidade de reduzir as emissões de carbono. Balaban argumenta que, se as emissões forem avaliadas desde o processo de plantio da cana-de-açúcar até o escapamento dos veículos, esses automóveis poluem menos do que os modelos elétricos europeus, principalmente devido ao tamanho das baterias. O analista enfatiza que o etanol deveria ser o ponto central da estratégia de descarbonização do país.
Para que essa visão se concretize, o analista destaca a necessidade de implementação de políticas que tornem o etanol ainda mais competitivo. Balaban defende a desoneração dos biocombustíveis e a taxação dos combustíveis fósseis como parte fundamental desse esforço.
“A atual política de preços da Petrobras preocupa, mas também precisamos pensar em aspectos tributários: onerar combustíveis fósseis e desonerar os biocombustíveis. Os tributos devem desincentivar o uso de combustíveis que geram externalidades negativas e incentivar aqueles que ajudam o meio ambiente,” diz.
O analista aponta que as intervenções feitas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos preços da gasolina tiveram um impacto negativo. No entanto, com a perspectiva de uma reforma tributária e a implementação de uma alíquota única para os combustíveis em todo o país, Balaban vê uma oportunidade para promover os biocombustíveis.
“Quando o governo interfere artificialmente para reduzir o preço da gasolina, como ocorreu durante o governo Bolsonaro, o setor sucroenergético sai prejudicado. Com o retorno à normalidade tributária, o setor está se recuperando, mas ainda temos que melhorar muito para dar mais competitividade ao etanol,” destaca Balaban. “Também precisamos atuar para retirar qualquer possibilidade de o IS (imposto seletivo) onerar os biocombustíveis.”
Em relação aos riscos ambientais associados à produção e ao descarte de baterias de carros elétricos, Balaban enfatiza a necessidade de regulamentações rigorosas para a reciclagem.
“Alguns países estão determinando que as montadoras sejam obrigadas reciclar as baterias. Ocorre que a demanda ainda é baixa e uma eventual explosão na comercialização desses veículos é preocupante. Por isso, eu entendo que os carros híbridos movidos a etanol são muito mais sustentáveis do que os chamados carros elétricos a bateria. Ou seja, ao reduzirmos o tamanho da matéria dos carros elétricos, estamos reduzindo os riscos ambientais”, diz.
Balaban também expressa preocupações com a gestão de resíduos sólidos no Brasil e ao potencial das baterias se tornarem uma ameaça ao meio ambiente e à saúde pública.Enquanto tivermos dificuldade de tratar do lixo em nossas cidades, as baterias dos carros elétricos serão uma grande ameaça para o meio ambiente e para a saúde pública, pois esses metais pesados podem contaminar os nossos lençóis freáticosSergio Balaban, chefe de gabinete de Fernando Farias
Proálcool 2.0
O analista destaca que um modelo focado no etanol, o chamado “Proálcool 2.0,” é uma opção mais acessível e ambientalmente eficiente para o Brasil em comparação com a importação de carros elétricos.
“Os carros movidos a etanol emitem menos gases de efeito estufa do que os carros elétricos com a matriz energética europeia. Temos três movimentos importantes em andamento que não podem ser ignorados. Esses movimentos incluem iniciativas para a captura de CO2 na produção de etanol, avanços no etanol de segunda geração e o apoio do governo para o desenvolvimento de motores a etanol mais eficientes”, diz Balaban.
Fonte: Udop
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