Os preços do petróleo caíram na quinta-feira (5) pelo segundo dia consecutivo diante de temores de queda na demanda do combustível diante de um cenário econômico global mais desafiador. Em dois dias, o contrato futuro do WTI de novembro perdeu US$ 8,48 por barril e o Brent para dezembro perdeu US$ 8,13, ou cerca de 8%, na maior queda registrada desde maio.
Na quinta-feira, o WTI para novembro fechou em queda de 2,27% a US$ 82,31 por barril e o Brent para dezembro recuou 2,03% a US$ 84,07. São os menores preços registrados desde 30 de agosto. Em uma semana, o Brent registra perda de 10,17% e o WTI, de 9,60%.
Para Edward Moya, analista sênior da Oanda, a queda de quase US$ 10 desde o fim do mês de setembro acontece ao mesmo tempo que os rendimentos dos Treasuries registram um rali, atingindo os patamares mais elevados em 16 anos, o que impactou o cenário de crescimento global. O temor de que os juros fiquem mais elevados por mais tempo, como indicou o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, na reunião de política monetária de setembro, tem feito com que o mercado fique mais cauteloso.
O economista Jan Stuart, da Piper Sandler, afirmou, em relatório, que os catalizadores da queda nos preços incluem sinais crescentes de risco de recessão e uma especulação em torno da Arábia Saudita afrouxando seu corte de oferta como parte de um acordo histórico para normalizar suas relações com Israel. Outras especulações, como um acordo diplomático entre EUA e Arábia para reduzir os cortes, também rondaram o mercado.
Também trouxe receio os dados divulgados na quarta-feira pelo Departamento de Energia (DoE) dos Estados Unidos, que indicariam uma retração da compra de gasolina pelos consumidores americanos que estão com os bolsos afetados pela forte alta nos juros nos últimos 18 meses. Segundo o DoE, a demanda por gasolina caiu para 8,3 milhões de barris na média móvel das últimas quatro semanas, a menor desde 1998. Além disso, os estoques de gasolina do país cresceram 7,481 milhões de barris em duas semanas, ficando 1% acima da média móvel de 5 anos pela primeira vez em 2023.
Porém, o economista do Goldman Sachs, Daan Struyven, é mais cauteloso em afirmar que a demanda americana está caindo. Segundo ele, os dados divulgados pelo DoE afetaram as margens da gasolina, o que acabou contaminando também os mercados de petróleo. Struyven acredita que parte da queda da demanda no período está relacionada com as fortes chuvas registradas na costa leste dos Estados Unidos e com a tempestade tropical Ophelia.
Opep fará o que for preciso para que os preços não voltem para U$ 70″ — Edward Moya
“Acreditamos que uma demanda subjacente resiliente, estoques baixos e oferta das refinarias vai dar suporte para as margens de gasolina”, afirmou Struyven.
Para ele, os investidores estão temendo uma recessão provocada pela alta dos juros em 2024. “Embora os juros altos deverão pesar no crescimento do PIB e no crescimento da demanda por petróleo, ainda há uma chance do mercado americano fazer um pouso suave”. Para ele, o poder de fazer preço da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) vai impulsionar os preços do Brent para US$ 100 no segundo trimestre do ano que vem.
Na quarta-feira, a Opep divulgou que os cortes voluntários de produção feitos pela Arábia Saudita de 1 milhão de barris diários e pela Rússia de 300 mil barris diários serão estendidos até dezembro. Desde junho, quando a Opep divulgou os cortes na produção, o preço do petróleo foi impulsionado pela redução da oferta e expectativa de déficit. Desde então, os preços saíram do patamar de US$ 70 para a máxima de US$ 94,36 registrados no dia 27 de setembro.
“A Opep trabalhou duro para trazer o petróleo de volta para a área dos US$ 90 e eles provavelmente continuarão a fazer o que for preciso para que os preços não voltem para as mínimas do ano, em torno de US$ 70”, afirmou Moya, analista da Oanda.
Fonte: Udop
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