Carteira do setor, que é a maior do banco, já soma R$ 110 bilhões e, segundo o presidente da instituição, deve crescer olhando para “o futuro do agro”
No Itaú BBA, a onda de mau humor do mercado de crédito no agro parece ser só uma “marolinha”. A instituição, que está entre os maiores bancos privados do agronegócio brasileiro, deve aumentar ainda mais sua carteira em 2025, de olho no boom dos biocombustíveis. O presidente do Itaú BBA, Flavio Souza, revelou nesta quinta-feira, 17, na abertura do evento Agro Vision, que a carteira agro, que segundo ele, é a maior setorial no banco, deve crescer quase 20% no ano que vem.
“Multiplicamos por quatro ao longo dos últimos cinco anos, o que nos coloca na posição de maior banco privado do agronegócio brasileiro”, afirmou o executivo. “Vemos oportunidades para crescer e, em 2025, projetamos expandir a carteira em mais R$ 20 bilhões”.
Hoje, a carteira agro da instituição já soma R$ 110 bilhões. O número já é, segundo ele, maior do que o que projetava no início do ano. Em 2023, a carteira estava em R$ 87 bilhões.
Souza vê o Brasil como crucial em um cenário de mudança para sistemas produtivos mais sustentáveis e energias limpas e acredita no potencial de integrar o agro a essas demandas. “Somos o celeiro do mundo e temos capacidade de expandir produção de alimentos. É uma janela de oportunidades que se abre na nossa frente”, afirma.
O evento realizado em São Paulo serviu para dar um gostinho sobre os futuros investimentos dessa carteira. Durante o Agro Vision, dois painéis discutiram sobre o mercado dos biocombustíveis no futuro e o uso de inteligência artificial em empresas do agro.
O primeiro tópico deve continuar a ganhar espaço dentro do Itaú BBA, segundo Pedro Fernandes, diretor de agronegócios da instituição. Em entrevista ao AgFeed, ele afirmou que, hoje, o banco é líder nas emissões de debêntures para o mercado de biocombustíveis, com um market share acima de 65%.
“Nossa exposição a esse setor tem crescido nos últimos anos e nós temos visto um boom de investimentos, tanto no esmagamento de soja quanto na construção de plantas de etanol de milho e combustíveis avançados. Esse boom de investimento vai demandar recursos e nós estaremos lá para fazer essa expansão”, afirmou Fernandes.
Segundo ele, os investimentos não se darão somente na ponta industrial, mas também dentro da porteira. A expansão projetada do mercado de etanol, seja de milho ou de cana, biodiesel e SAF, demanda mais produção em campo, ele explica, principalmente de milho de segunda safra.
Hoje, dos mais de R$ 100 bilhões da carteira agro do Itaú BBA, cerca de R$ 40 bilhões estão ligados à produção agrícola primária, com a maioria desse percentual ligado à soja e milho. Na carteira, produtores com faturamento acima de R$ 5 milhões representam 40% do bolo.
“Tudo isso é mais maquinário, mais armazenagem e mais necessidade de custeio para a safra. Acho que é um dos benefícios de olhar toda a cadeia no Itaú BBA, de insumos e maquinários dentro da porteira e depois. Com isso, temos uma visão clara para onde o segmento está indo e escolher boas oportunidades ao longo dessa cadeia toda”, disse.
Os investimentos funcionarão tanto no âmbito dos produtores quanto no mercado de capitais, segundo Fernandes.
O crescimento previsto para 2025 deve se dar a despeito de um mercado mais turbulento. Para crescer com cautela diante de um cenário mais complexo, o Itaú BBA reduziu pela metade a base de prospects (novos clientes). Por conta das constantes notícias de recuperações judiciais e dificuldades no setor, a seletividade deve reinar também em 2025.
Outra preocupação do executivo é fazer com que as linhas ESG cresçam mais do que a carteira geral do Itaú BBA. “Nos aproximamos de 250 mil hectares de áreas degradadas convertidas dentro do programa Reverte e já somamos quase R$ 3 bilhões nas linhas ESG de prateleira. Vamos continuar crescendo para que o aumento de produção seja cada vez mais sustentável”, completa.
O Reverte é um programa de recuperação de pastagens do banco criado em 2021 em parceria com a Syngenta e a The Nature Conservancy (TNC). Até 2023, a iniciativa havia desembolsado R$ 1 bilhão, com meta de dobrar até dezembro deste ano.
Fonte: AgFeed
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