A intenção é usar a biomassa residual da planta, obtida no processo de fabricação do sisal, na fabricação do biocombustível
Produtores rurais do semiárido baiano serão estimulados a aumentar e melhorar as condições de plantio e colheita do agave, matéria-prima da tequila mexicana e que é destaque no Brasil, líder mundial no cultivo da planta, para a produção da fibra do sisal, material usado em variedades de fios, cordas, tapetes e mantas.
A intenção é usar a biomassa residual da planta, obtida no processo de fabricação do sisal, para a produção de etanol. Um convênio assinado entre a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o governo da Bahia vai destinar R$ 2,6 milhões para promover essa cadeia por meio do projeto Replanta Agave. Agora, serão selecionadas, por meio de edital, empresas interessadas em operacionalizar a ideia.
Segundo a ABDI, apenas 4% do agave é utilizado para a produção da fibra tradicional da Bahia e o restante é descartado. Com o projeto, a ideia é utilizar 95% da planta para a produção do biocombustível. O impacto econômico deve alcançar os 20 municípios baianos incluídos no chamado Território do Sisal.
O objetivo é criar um sistema cooperativo qualificado para a produção em escala do agave. A ação será executada em 18 meses e capacitará, ao menos, 400 trabalhadores, segundo a ABDI. Serão disponibilizados sete tratores nos municípios contemplados.
O convênio também vai realizar um mapeamento dos produtores da região sisaleira para dimensionar a capacidade produtiva local. O projeto inclui a qualificação e a orientação técnica dos agricultores. “Nosso objetivo é transformar a indústria local, potencializar e fomentar a economia. Isso é desenvolvimento do Brasil, com mais empregos”, disse, em nota, o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli.
Estudos recentes mostraram que o agave pode ter rendimento maior por hectare para a produção de etanol do que a cana. Um dos desafios do Replanta Agave é estimular a estruturação de indústrias de sisal para a produção de biocombustível, com foco no etanol.
“Apesar de o sisal ser a principal fonte econômica da região do semiárido nordestino e de o Brasil ser o maior produtor, o cultivo, a colheita e o processamento das folhas do agave ainda são precários, de forma geral. E o que nos motiva a investir nessa iniciativa é a potencialidade dessa planta para a produção de biocombustível”, destaca o professor Gonçalo Pereira, da Universidade de Campinas.
O gerente da unidade de nova economia e indústria verde da ABDI, Marcelo Gavião, disse que a introdução do agave beneficiaria a produção complementar das usinas de cana, com o fornecimento de matéria-prima para o período da entressafra. A partir da planta também podem ser obtidos biometano, hidrogênio verde, biochar, bioinseticida, bio-herbicida e componentes de plástico.
Por: Rafael Walendorff Fonte: Globo Rural
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