Atualmente, apenas 28 unidades do país possuem certificação atualizada para a exportação do biocombustível ao estado norte-americano
Não é de hoje que a exportação de etanol é uma opção para as usinas brasileiras, abrindo espaço para uma receita além das vendas internas. E programas como o Padrão de Combustíveis de Baixa Emissão (LCFS, na sigla em inglês), do estado norte-americano da Califórnia, permitem que as negociações internacionais sejam mais atrativas.
Segundo dados do Conselho de Qualidade do Ar da Califórnia (Carb, na sigla em inglês), existem mais de 1,3 mil rotas produtivas cadastradas atualmente no programa e, destas, 115 são brasileiras, o que significaria um aumento de quase 30% ante as 89 que estavam certificadas em 2020.
Contudo, no começo de 2020, houve uma atualização no sistema de verificação de notas do LCFS, com o início da operação da calculadora Greet 3.0. Atualmente, apenas 28 usinas, de 15 grupos sucroenergéticos, estão de acordo com as novas regras, com notas obtidas pela nova metodologia e validação da certificação com um ente creditado pelo Carb.
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Apesar do baixo número de adesão, o sócio fundador da Green Domus, única entidade verificadora do Carb no Brasil, Felipe Bottini aponta que a procura pelo programa está relativamente estável por parte das usinas brasileiras, tanto por conta da mudança nas regras quanto pelo mercado interno, que se encontra mais aquecido. Ele afirma que, pelo menos neste ano, as produtoras não devem fazer negociações diretas com os Estados Unidos.
Ainda segundo ele, cada crédito do LCFS custa aproximadamente US$ 170, sendo gerado a cada mil litros de renovável. Contando com um câmbio a pouco mais de R$ 5, isso significaria cerca de R$ 850 ou quase R$ 1 por litro. Entretanto, a receita com a venda de créditos é atribuída ao importador californiano, que negocia um prêmio com o produtor brasileiro.
Desenvolvido pelo Carb há mais de dez anos, o LCFS tem como objetivo reduzir em 20% as emissões de gases do efeito estufa (GEE) no estado até 2030, priorizando o uso de biocombustíveis com baixo teor de carbono, como o etanol a base de cana-de-açúcar e melaço brasileiro.
Embora ofereça créditos às menores emissões, de forma semelhante ao RenovaBio, os dois programas atuam de formas distintas. O LCFS, por exemplo, contabiliza as emissões de carbono de cada processo produtivo e o objetivo é manter as menores notas – e não as maiores, como no RenovaBio.
O programa californiano também define um limite para as emissões. Combustíveis abaixo do valor estipulado podem gerar créditos, que são comercializados. Na outra ponta, a venda de combustíveis que estiverem acima do patamar estipulado implica na necessidade de aquisição de créditos. Para 2022, a meta está definida em 89,5 gramas de carbono equivalente por megajoule (gCO2e/MJ).
Fonte: NovaCana