Os ativos argentinos estavam em uma forte trajetória de alta, com base em expectativas otimistas de investidores de que a recente vitória do liberal Javier Milei nas eleições presidenciais, com a promessa de cortar drasticamente os gastos públicos, levaria a uma mudança na direção da economia do país.
A compra de ações e títulos locais disparou após um resultado retumbante nas urnas que sinaliza uma mudança de rumo para a economia argentina.
“A realidade é que a Argentina, até domingo, não estava no radar dos investidores, e agora está”, disse o analista Javier Timerman, do Adcap Grupo Financiero.
“Mas se isso se transformará em uma recuperação sustentável ao longo do tempo dependerá muito, em primeiro lugar, dos anúncios feitos por Milei em termos de pessoas, sua equipe, depois seu plano e, em seguida, os primeiros movimentos”, afirmou.
As principais ações negociadas na bolsa de valores de Buenos Aires subiam 8,60%, atingindo o recorde intradiário de 860.646,15 pontos, com os papéis da empresa estatal de petróleo YPF avançando 11,36%. O índice S&P Merval havia disparado 22,84% no dia anterior.
Os títulos soberanos no segmento de balcão apresentaram um ganho médio de 3,5%, somando-se à alta de 6,2% da sessão anterior, com o risco-país em queda de 73 pontos, para 2.093 pontos, retornando aos níveis de agosto.
“A expectativa de uma mudança radical na direção das políticas econômicas quando o novo governo tomar posse em 10 de dezembro gera maior incerteza”, disse a Moody’s Investors Service.
A Moody’s Investors Service acrescentou que “nesse sentido, a volatilidade econômica e financeira pode piorar nas semanas que antecedem a posse de Milei, principalmente no que diz respeito à taxa de câmbio do mercado paralelo”.
A taxa de câmbio do peso no mercado paralelo ou “azul” permanecia estável em cerca de 1.070 por dólar, em comparação com uma taxa de câmbio oficial de 356,60 unidades.
“A dolarização das carteiras continua e, em maior medida, em dólares alternativos”, disse um operador, e destacou que o chamado dólar MEP, no qual a moeda estrangeira é obtida por meio da negociação de títulos, ultrapassou 1.000 pesos por dólar.
As expectativas de uma próxima desvalorização da moeda se refletiram nas cotações dos futuros do peso, com as negociações para o final de dezembro sendo acordadas em 826 por dólar e saltando para 1.320 unidades no vencimento de maio de 2024.
Fonte: Reuters
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