Doença que combina três fungos diferentes avança pelos canaviais, provoca perda de 45% nas áreas atacadas e ainda não tem controle
“Um problema Seríssimo”, assim a Síndrome da Murcha do Colmo, foi definida por Plínio Nastari, Presidente da Consultoria Datagro, ao lado de Antonio Cesar Salibe, CEO da União Nacional da Bioenergia (UDOP) e José Guilherme Nogueira, CEO da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), durante a 24ª Conferência Internacional Datagro Sobre Açúcar e Etanol, realizada nos dias 21 e 22 de outubro na capital paulista.
A síndrome do murchamento da cana-de-açúcar é caracteristicamente evidenciada pela presença de colmos murchos. José Guilherme observou que em alguns canaviais, a doença tem causado redução significativa de produtividade de colmos e de ATR (açúcar teórico recuperável). Dependendo da variedade plantada e do local, as perdas chegaram a 45%. Além desses prejuízos, afeta a qualidade da matéria-prima.
A doença vem ocorrendo de forma gradativamente elevada, atingindo todas as variedades, em diversas regiões produtoras do Brasil. Os colmos murchos ou secos podem indicar diversas doenças. Segundo o pesquisador do IAC, Ivan Antônio dos Anjos, esses sintomas podem resultar do ataque de cigarrinhas das raízes (Mahanarva spp.) ou de fungos. “Dentre estes, destaca-se a espécie Colletotrichum falcatum), causador da Podridão Vermelha, Phaeocytostroma sacchari (Pleocyta sacchari), responsável pela Podridão da Casca ou Podridão Azeda, e Fusarium spp. (Murcha de Fusarium)”, explica o pesquisador do IAC, que atua em parceria com Antonio de Goes, professor da Unesp. Ambos são ligados ao CEPENFITO.
Esses sintomas resultam de infecções oriundas desses fungos mencionados, ocorrendo de forma isolada ou, menos frequentemente, em coinfecções. “Há situações em que se predominam sintomas de murcha oriundos de infecções causadas por C. falcatum, ora por P. sacchari e, menos frequentemente, Fusarium spp.”, diz Anjos.
O fungo P. sacchari, em particular, tem sido recorrentemente isolado de colmos murchos, diferentemente de sua ocorrência esporádica em anos anteriores. “Os sintomas típicos da sua infecção são a descoloração da casca e perdas de ceras; internamente os colmos exibem coloração marrom glacê e, com o avanço dos sintomas, entrenós avermelhados, e cheiro característico de fermentação”, comenta o cientista. Em razão da perda de água, formam-se cavidades ao longo do colmo e, consequentemente, a murcha. Com o avanço da doença, formam-se na casca estruturas escuras globosas, chamados cirros.
No caso da murcha de Colletotrichum, o sintoma mais evidente é a presença de bandas brancas contrastantes à coloração avermelhada da parte interna do colmo. Externamente, os fungos formam estruturas que se caracterizam pela presença de setas escuras, semelhantes a espinhos.
Pesquisadores do Programa Cana IAC desenvolvem estudos para solucionar esse problema, em parceria com o Centro de Pesquisa em Engenharia-Fitossanidade em cana-de-açúcar (CEPENFITO), na Unesp, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Grupo São Martinho.
Segundo os pesquisadores, a evolução dos sintomas e consequentemente das perdas, aumentam consideravelmente com o avanço da maturação dos colmos, especialmente nos terços finais da safra no Centro-Sul. “A antecipação da colheita, nas áreas com os problemas da doença, é a medida mais recomendável à mitigação de perdas”, diz.
Mas como a doença ainda não tem controle e sua incidência cresce em ritmo acelerado, a recomendação vigente passou a ser a erradicação dos canaviais afetados e a área deve ficar em descanso por dois anos, observou Plínio Nastari.
Fonte: CanaOnline
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