Cortes subiram 20,84% no ano, maior alta desde 2019
A inflação oficial de 2024 superou o limite máximo da meta estabelecida pelo governo, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingindo 4,83%.
Em 2023, o índice havia registrado 4,62%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro.
A meta de inflação para 2024 era de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para mais ou para menos, mas o índice encerrou o ano 0,33 p.p. acima do teto. Esse é o maior resultado desde 2022, quando o IPCA atingiu 5,79%.
O grupo “Alimentação e bebidas” foi o principal responsável pelo aumento dos preços em 2024, registrando alta de 7,62%, o que impactou em 1,63 p.p. no índice geral. À exceção do grupo “Habitação” (-0,56%), todos os outros setores apresentaram alta em dezembro.
O maior impacto mensal veio do próprio grupo de alimentos, com variação de 1,18% em dezembro, seguido por “Transportes” (+0,67%) e “Vestuário” (+1,14%).
Carne lidera alta de preços
Entre os itens alimentícios, as carnes lideraram as altas, com preços subindo 20,84% ao longo do ano, o maior aumento desde 2019, quando os cortes registraram alta de 32,4%. Essa elevação representou um peso de 0,52 p.p. no IPCA.
O repique de preços, especialmente entre setembro e dezembro (+23,88%), compensou as quedas do primeiro semestre, segundo o analista do IBGE André Almeida.
Segundo o analista do IBGE, André Almeida, o clima adverso restringiu as pastagens, afetando o preço das carnes. “A seca intensa e as ondas de calor agravaram os efeitos da entressafra, reduzindo a oferta de animais para abate e elevando os preços,” explicou.
Os cortes de carne com as maiores altas foram costela (+21,33%), alcatra (+21,13%) e contrafilé (+20,06).
Ainda no grupo alimentício, o óleo de soja (+29,21%) e o café moído (+39,60%) também apresentaram fortes altas. Entretanto, itens como limão (-29,82%) e batata-inglesa (-18,69%) tiveram quedas expressivas.
Câmbio e Pressão Externa
Outro fator determinante foi a desvalorização do real, que perdeu 27% frente ao dólar em 2024, fechando o ano a R$ 6,18. Isso impactou os preços de commodities alimentícias, elevando os custos de produção e incentivando exportações em detrimento da oferta interna.
“O câmbio influencia tanto o preço de produtos importados quanto a decisão dos produtores de exportar, o que reduz a disponibilidade interna,” destacou Almeida.
Gasolina e Outros Grupos em Alta
Além dos alimentos, os combustíveis tiveram grande peso na inflação. A gasolina subiu 9,71%, representando impacto de 0,48 p.p. no IPCA. Outras altas incluem:
Transporte por aplicativo: +20,70%
Passagens aéreas: +4,54%
Etanol: +1,92%
Por outro lado, o grupo “Habitação” registrou queda de -0,56%, influenciado pela redução de 3,19% na energia elétrica residencial, devido ao retorno da bandeira tarifária verde.
Salvador liderou a alta regional, com inflação de 0,89%, impulsionada pela valorização das carnes (+7,31%) e da gasolina (+4,04%). Já Belo Horizonte registrou a menor variação (0,25%), favorecida pela queda na energia elétrica residencial (-2,41%).
Perspectivas para 2025
Com os dados de 2024 reforçando a pressão inflacionária, os desafios para 2025 incluem controlar os preços de alimentos e combustíveis, além de monitorar os impactos do câmbio e das condições climáticas.
Fonte: Agrofy News
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