A eventual concentração das entregas de fertilizantes para a safra de grãos 2022/23, plantada a partir de setembro, preocupa a indústria. “O ponto de maior atenção no momento é não deixar as entregas se concentrarem em janela muito pequena para não haver atraso. Não há como mensurar em números no momento, mas é perceptível que já há certa concentração. Todo mundo acredita que seu produto será entregue, mas estamos concentrando em uma janela muito curta”, disse o diretor de Distribuição Comercial da Mosaic Fertilizantes, Felipe Pecci, ao Broadcast Agro, nos bastidores do 13° Congresso Brasileiro do Algodão, realizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) em Salvador (BA).
Segundo Pecci, essa concentração advém da postura de parcela de agricultores, sobretudo os do Centro-Sul, de aguardar uma queda maior nos preços dos adubos antes de adquirir todo o volume necessário para a safra. “Existe uma percepção, especialmente no Centro-Sul, de espera para concluir as compras de adubos. Essa espera coloca em risco a capacidade da indústria de expedir tudo aquilo que precisa no tempo adequado”, explicou o executivo.
A Mosaic Fertilizantes estima um saldo de 5% a 10% de adubos para serem comercializados para a safra de soja 2022/23, ou seja, entre 90% e 95% dos fertilizantes já foram adquiridos pelos produtores. Para a segunda safra de milho, plantada a partir de meados de fevereiro do próximo ano, restam ainda 70% dos fertilizantes para sem comprados, ou seja, os produtores asseguraram apenas 30% do volume necessário para a adubação do ciclo.
O saldo de adubos ainda a ser comprado pelos agricultores está concentrado no Centro-Sul do País, observa Pecci. “Tivemos um momento no início do segundo trimestre com produtores buscando forte antecipação das compras dos insumos por receio de faltar o produto. Agora vemos algumas regiões, como o Centro-Sul, que deixam a desejar um pouco sob a ótica de tração de fertilizantes com atraso quando comparado com igual período do ano passado. Mato Grosso, Goiás e as Regiões Norte e Nordeste estão com níveis mais alinhados com o que vimos no passado”, analisou o executivo. Ele explica que a significativa volatilidade do mercado internacional de adubos neste ano levou a movimentos variados nas compras dos adubos pelos produtores.
De acordo com Pecci, a concentração das entregas preocupa a indústria de fertilizantes, em virtude da capacidade estática de armazenamento do setor de expedição e movimentação dos volumes. “Isso nos preocupa porque vai concentrando um volume grande a ser escoado em janela pequena para atender ao momento certo que o agricultor precisa do insumo. Desde 2015, o consumo de adubos no País cresceu em 10 milhões de toneladas e a capacidade logística não acompanhou esse crescimento”, apontou. O executivo acrescentou que o País superou as incertezas sobre falta de fertilizantes, mas agora tem desafio de aceleração de logística para garantir as entregas aos consumidores finais. “Agora, precisamos girar os volumes para que ninguém fique sem insumos dentro da fazenda na hora da aplicação. Nada é pior do que ficar sem insumos no momento em que precisa”, apontou.
Quanto ao volume que será entregue no País neste ano, Pecci afirmou que ainda não é possível mensurar se haverá recuo, alta ou estabilidade no consumo brasileiro, apesar de produtores falarem em redução. “O volume de entregas, divulgado pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) até maio, está alinhado com o do ano passado. O volume já reportado não indica nenhuma queda relevante, mas é natural que o produtor, com volatilidade de preços e incertezas do mercado, queira repensar e tenha cautela na aplicação. Não é algo que nos preocupe no momento”, apontou. Segundo a Anda, nos primeiros cinco meses deste ano, as entregas de fertilizantes ao consumidor final somaram 14,624 milhões de toneladas, volume 1,7% superior ao verificado em igual período de 2021.
Expansão para Norte e Nordeste – A Mosaic está ampliando sua atuação nas Regiões Norte e Nordeste, sobretudo no Matopiba (acrônimo formado pelos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), segundo Pecci. “Nossa estratégia de crescimento é muito apoiada nessas regiões que também apresentam maiores taxas de crescimento de demanda, como Matopiba. Temos expandindo operações na região de forma orgânica, com oferta de novas soluções”, explicou. Segundo Pecci, a companhia possui duas operações ativas na região.
Na avaliação do executivo, há “forte demanda” na região por adubos especiais. “Em algodão, os dados apontam para expansão de área, além de contarmos com leve recuperação de preços para a safra 2022/23. Vemos demanda forte por produtos que combinam micronutrientes e macronutrientes para adubação, a fim de ter produtividade superior”, comentou. Conforme ele, nos últimos cinco anos, a região do Matopiba apresentou taxa de crescimento de consumo de adubos superior à média do Brasil.
Fonte: Estadao
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