Quem tem um veículo flex no Brasil pode contribuir imediatamente com a redução do efeito estufa: basta abastecer somente com etanol. A Bosch afirma que com o combustível vegetal é possível cortar as emissões de dióxido de carbono em mais de 60% se comparado ao uso de gasolina no mesmo veículo.
Ainda em 2023, a Bosch deve disponibilizar para empresas e frotistas o CO2 Tracking, um aparelho conectado ao veículo que informa em tempo real quanto dióxido de carbono está sendo resultante do consumo de combustível naquele trajeto. O objetivo é mostrar na prática a redução de emissões e motivar o uso do etanol.
Por uma plataforma de monitoramento online, o CO2 Tracking compara o que está sendo emitido no veículo e o quanto estaria se estivesse abastecido com gasolina. “Isso pode ser certificado para se obter créditos de carbono. As empresas podem usar esse dado de forma oficial para abater e comunicar ao mercado qual é sua real emissão de CO2 total”, declarou o diretor de Produtos da divisão de Powertrain Solutions da Bosch, Fábio Ferreira.
Em encontro com a imprensa, o Presidente e CEO da Bosch na América Latina, Gaston Diaz Perez, enfatizou que o uso do etanol é um trunfo para a descarbonização da frota brasileira em curto prazo. “O Brasil é o único país do mundo que no prazo de 3 anos pode ter uma mobilidade sustentável”, declarou Perez.
Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontam que, somado todo o volume de etanol e gasolina vendido no Brasil em 2022, o combustível vegetal representou menos da metade: 44%, já considerando a porcentagem adicionada à gasolina. “Portanto, tem espaço para o Brasil muito rapidamente virar a matriz de emissão de CO2 enquanto se trabalha nas tecnologias do futuro, como o próprio híbrido a etanol“, analisou Fábio Ferreira.
Brasil pode se tornar polo de motores verdes
Motores a combustão estão longe de saírem de cena graças aos combustíveis sustentáveis. “A Europa já está investindo hoje nessa tecnologia e ela vai continuar rodando em muitos países do mundo por muitas décadas”, afirmou Gaston Diaz Perez.
O executivo da Bosch reforçou que soluções como o etanol e o biodiesel terão papel fundamental na transição para fontes de energia mais limpas. “Enxergamos que vai haver uma permanência do motor a combustão no Brasil, seja flex ou híbrido”, declarou.
Por conta da expertise local, o Brasil tem a oportunidade de se tornar referência no desenvolvimento da tecnologia de combustão com emissões reduzidas. “Isso permite pensar que o Brasil possa virar um polo de engenharia, de produção de componentes e de motores a combustão verdes”, ressaltou Perez.
O executivo deixou bem claro que nem a Bosch ou ele têm qualquer preferência ou viés pela solução que será adotada no futuro. “Gostamos de falar que somos uma empresa ´agnóstica´ tecnologicamente”, disse o executivo, reforçando que, em sua visão, o carro elétrico tem muitas vantagens e que o Brasil pode vir a ser um significativo parque de produção de hidrogênio.
Mas Perez enfatizou que é importante usar tudo o que está ao alcance neste momento de transição. E para o Brasil, o etanol é o recurso que, agora, está mais à mão.
As vantagens do etanol vão além do investimento e da estrutura já existentes. Ele pode ser mais vantajoso até mesmo do que um carro elétrico, se a matriz energética da eletricidade não for limpa. Conforme dados da Bosch, considerando as emissões do poço à roda, um Volkswagen ID.3 rodando na Europa emitiria 50 gramas de CO2 por quilômetro, enquanto um Volkswagen Polo TSI no Brasil abastecido somente com etanol emite 49 gramas.
Fonte: AutoEsporte
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