Embrapa Instrumentação reforça apoio do setor privado na pesquisa com a apresentação conjunta de inovações na Agrishow

Fundamental para transformar a pesquisa em solução tecnológica, parceiros do setor privado vão atuar junto com a Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP) na apresentação de inovações para diferentes cadeias produtivas na Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow). As novidades vão do lançamento de tecnologia envolvendo mercado de carbono à apresentação de aparelho para monitorar a qualidade do leite cru.

O centro de pesquisa ainda vai demonstrar o uso da ressonância magnética nuclear na detecção do teor de ácido oleico em cultivares de amendoim que serão lançadas na Agrishow; impactos do uso da vitivinicultura de precisão na produção de vinhos finos de inverno, apresentados pela primeira vez na feira, e nanoemulsão de cera de carnaúba para revestimento de frutas.

O público poderá conferir as demonstrações de tecnologias no estande da Embrapa, na E14a1 do mapa da feira, de 1 a 5 de maio, em Ribeirão Preto (SP).

Além da apresentação de tecnologias, a Embrapa Instrumentação vai participar do painel “Corredor Agro: Oportunidades para novos negócios” com palestra da pesquisadora Débora Milori. A apresentação sobre os negócios em nanotecnologia, fotônica e tecnologias quânticas no agro brasileiro será no estande da Secretaria de Agricultura, na quarta-feira (3), às 9h20.

Lançamento – Plataforma IA/AGLIBS

Como resultado pioneiro da aplicação da fotônica no agro, a Embrapa Instrumentação vai lançar junto com a agfintech Agrorobótica uma plataforma para análise de solos em projetos de agricultura de precisão e mercado de carbono. O lançamento será no estande da Embrapa, no dia 1 de maio, às 14h30,

A Plataforma IA AGLIBS integra diferentes softwares e sensores avançados que permitem a digitalização do solo e das atividades agrícolas. A inovação viabiliza o acesso à agricultura de precisão e à comercialização de crédito de carbono no mercado voluntário internacional, além de permitir financeiramente medir, reportar, verificar e comercializar (MRVC) o carbono na agricultura, ao mesmo tempo em que faz a gestão da fertilidade do solo e nutrição das plantas, para o gerenciamento de indicadores de sustentabilidade e produtividade agrícola.

A tecnologia usa pioneiramente a técnica de espectroscopia de emissão óptica com plasma induzido por laser (LIBS), a mesma técnica que a Nasa utilizou no Rover Curiosity e está usando no robô Perseverance em exploração do solo de Marte.

Leite monitorado

Em busca de parceiros para finalização, a Embrapa Instrumentação vai apresentar na Agrishow um aparelho que monitora a qualidade do leite cru. O sistema usa feixes de luz para identificar em segundos as condições do produto. Os detalhes sobre a tecnologia poderão ser obtidos no estande da Embrapa, onde a tecnologia será demonstrada.

Vinhos diferenciados

Em vitivinicultura de precisão, o público terá a oportunidade de conhecer os resultados de estudos realizados em duas vinícolas, a Terras Altas, de Bonfim Paulista, distrito de Ribeirão Preto (SP), e na Verroni, em Itobi (SP), que permitiu a produção de vinhos finos de inverno diferenciados.

A pesquisa comprovou que a variação de atributos do solo e da planta em pequenas áreas de um mesmo vinhedo permite a colheita seletiva de uvas e a obtenção de vinhos finos de inverno com características distintas. No estande, o visitante poderá conferir o processo de aplicação de técnicas de AP, mapas da variabilidade espacial e temporal de áreas de cultivos, vinhos produzidos com uvas de vinhedos que usaram a técnica de AP, observar solos com diferentes características, além de kit com diversos aromas de vinho.

A chamada vitivinicultura de precisão adota procedimentos e usa equipamentos e sensores para a prática da agricultura de precisão (AP) em sistema de produção de uva para vinho. Os resultados obtidos em safras recentes, em sistema de dupla poda, podem auxiliar o viticultor na tomada de decisões sobre práticas agrícolas, para obtenção de produtos diferenciados e de interesse, e contribuir para a maior qualidade do vinho nacional.

Análises em segundos

A ressonância magnética nuclear (RMN), adaptada da medicina para aplicação no agro pela Embrapa Instrumentação é a responsável pela detecção do teor de ácido oleico presente nas três cultivares de amendoim que serão lançadas na Agrishow pela Embrapa Algodão (Campina Grande PB). As cultivares com cerca de 80% de ácido oleico têm estabilidade química melhor e, consequentemente maior tempo de vida.

Na feira, o SpecFit, um aparelho desenvolvido numa parceria com a startup Fine Instrument Technology (FIT), que leva embarcado a RMN, fará demonstrações do processo de análise das cultivares de alta produtividade e adaptadas ao cultivo mecanizado em grande escala.

As novas cultivares são direcionadas ao consumo de mesa e à indústria de alimentos e se destacam pelo alto teor de ácido oleico (acima de 75%), os grãos conservam suas qualidades por maior tempo depois da colheita, garantindo maior vida útil de prateleira.

A técnica de RMN foi reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Association of Official Agricultural Chemists (AOAC) para avaliação do teor de lipídeos em carnes, produtos cárneos e pescados. Ao contrário de métodos tradicionais, a RMN avalia em segundos sem destruir as amostras.

Vida prolongada

De origem vegetal, a nanoemulsão de cera de carnaúba será demonstrada na Agrishow com frutas tropicais. O composto, reforçado com nanopartículas, é aplicado em finas camadas sobre os alimentos, tipo emulsão, por imersão ou pulverização, formando uma fina película sobre eles. Esta açãoforma uma barreira contra a perda de umidade, troca de gases e ação de microrganismos, além de manter as propriedades sensoriais do fruto, proporciona maior brilho, preserva a qualidade e prolonga, em média, 15 dias a vida útil das frutas, comparada ao revestimento convencional.

A tecnologia é resultado de pesquisa desenvolvida dentro do conceito de inovação aberta pela Embrapa Instrumentação, em parceria com a QGP/Tanquímica, com sede em Laranjal Paulista (SP). Desenvolvimento sustentável, funcionalidade, facilidade de uso, flexibilidade, inovação, forte conexão com o setor produtivo e segurança são fatores que contribuíram para a rápida inserção do produto no mercado nacional e internacional.

A expansão ocorreu pouco mais de um ano depois de ser lançada com a entrada da multinacional americana AgroFresh, que firmou um contrato com a Tanquímica/QGP para promover a distribuição e comercialização do produto, dentro e fora do Brasil. Pelas mãos da AgroFresh, a tecnologia desembarcou em países da América Latina, Europa e Ásia.

Em 2021, o produto foi lançado na Filadélfia (EUA), em âmbito mundial, com o nome de Life Ultra pela AgroFresh Solutions, Inc.

Fonte: Embrapa