Superar os desafios impostos pela crise climática exige um esforço coordenado entre setores públicos e privados. A ciência tem cumprido seu papel há décadas, alertando sobre o aumento das temperaturas globais e as medidas necessárias para mitigar esse aquecimento. No Brasil, a realidade das emissões de gases de efeito estufa é particular, e ninguém melhor que Carlos Nobre, um dos climatologistas mais renomados do mundo, para esclarecer o tema.
Nobre deu início à programação do evento Brasil do Futuro – Transição Energética, promovido pelo UOL em São Paulo nesta quinta-feira (29). Com apresentação da jornalista Fabíola Cidral, âncora do UOL News, a programação contou com debates sobre as diversas fontes de energia limpa que podem transformar o Brasil em referência mundial, financiamento da transição e a urgência para essa mudança acontecer.
“Em 15 anos, temos condições de gerar toda a energia que precisamos com fontes renováveis”, afirmou Nobre, enfatizando a necessidade de ações imediatas em prol de usinas solares, energia eólica e hidrogênio verde.
O mais recente relatório da OMM (Organização Meteorológica Mundial) confirmou que 2023 foi o ano mais quente da história registrada, com temperaturas acima da média no oceano Antártico, um fenômeno que também impacta o Brasil.
Neste contexto, parte da solução está nas chamadas cidades-esponja, que propõem a restauração da vegetação para aumentar a retenção de água, reduzir as temperaturas e criar microclimas favoráveis por meio das árvores.
Para Nobre, outro sinal positivo para o futuro brasileiro é a decisão do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) de investir R$ 4,5 bilhões para projetos de renovação da frota de ônibus em municípios brasileiros, com limites rigorosos de emissões de poluentes. A iniciativa visa renovar a frota de transporte público em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
“O governo tem várias iniciativas positivas, como a redução do desmatamento até junho em diversos biomas brasileiros. Vamos chegar na COP30 com reduções significativas na Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica”, destacou Carlos Nobre.
No entanto, ele alertou para o aumento dos incêndios florestais. Sobre as recentes queimadas, o climatologista explicou que elas não têm causas naturais, citando os incêndios criminosos em áreas de cana-de-açúcar em São Paulo como exemplo.
“É preciso convencer o setor do agronegócio brasileiro a fazer conversão para agricultura e pecuária regenerativas, pois são atividades mais lucrativas e resilientes aos eventos extremos, os quais causam a queda da produtividade. Todo setor tem financiamento para isso, mas a transição está sendo lenta, e não é lentidão governamental”, destacou Nobre.
Quando à transição energética, ele diz que o avanço está acontecendo de forma rápida, mas há o que melhorar. “Não é só não explorar um novo poço de petróleo ou mina de carvão, mas parar de explorar as que já estão aberta”, alerta. Você pode assistir a íntegra da palestra do cientista no vídeo acima.
Fonte: Tilt
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