Montadoras e pesquisadores têm buscado respostas que aliem as novas tecnologias às energias renováveis
O mundo tem buscado soluções sustentáveis para substituir o uso de combustíveis fósseis como gasolina e diesel nos automóveis. Entretanto, a substituição de motores a combustão por veículos elétricos somente faz sentido se a energia utilizada para abastecer estes veículos vier de fontes renováveis. Montadoras e pesquisadores têm buscado alternativas e uma solução sustentável e promissora: uma célula a combustível que usa etanol como combustível para carros elétricos.
O etanol é um combustível renovável produzido a partir de matérias primas renováveis como cana de açúcar e milho. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, sendo o líder global na produção de etanol de cana de açúcar.
O combustível é produzido localmente e amplamente distribuído nas redes de abastecimento e postos de combustível, portanto, a infraestrutura de distribuição que já existe em diversos países, resolveria o desafio de ordem prática que envolve o uso de carros elétricos, como uso de tomadas para recarga do tipo plug in e a perda de longas horas com o carregamento de baterias de lítio.
Os carros movidos a gasolina e diesel estão com os dias contados, com a intenção de conter o processo de mudanças climáticas, vislumbra-se que o futuro dos transportes passe pela eletrificação dos veículos.
A grande maioria dos países europeus já estabeleceram datas para banir a comercialização destes veículos, começando com a Noruega 2025, passando pelo Reino Unido, Índia e Suécia 2030, Japão, China e EUA 2035 até a França e Espanha 2040. A União Europeia determinou que todos os veículos deverão ter emissão zero de CO2 até 2035.
Atualmente existem quatro tipos de veículos elétricos: o veículo elétrico híbrido (HEV), onde o motor a combustão trabalha junto com o elétrico, o veículo elétrico híbrido plug-in (PHEV), onde existe o motor a combustão, mas o motor elétrico é carregado, o veículo elétrico a bateria (BEV), que é 100% elétrico, utilizando somente a carga na bateria e o veículo elétrico a célula de combustível (FCEV) que utiliza hidrogênio como principal fonte de energia.
O etanol se encaixaria como combustível para abastecer os veículos elétricos a célula de combustível utilizando as chamadas células de combustível de etanol direto DEFC (Direct Ethanol Fuel Cells), que são alimentadas com uma solução de água e etanol, sem a necessidade de conversão em hidrogênio, o que diminui os custos. O projeto visa criar carros elétricos que dispensariam a recarga externa de bateria, sendo necessário somente abastecer o veículo com etanol, assim como se faz com os veículos hoje.
Os primeiros testes foram realizados pela Nissan em parceria com o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) seguido pela Volkswagen, que divulgou um projeto similar em parceira com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), ambos visando desenvolver um sistema de célula de combustível usando o etanol como combustível para veículos elétricos, que seja viável e escalável comercialmente.
O físico Fábio Fonseca do IPEN explica: “A tecnologia da célula a combustível a etanol permite abastecer o veículo com esse combustível em qualquer posto do país, como já ocorre hoje. A partir daí, o etanol é convertido [em moléculas de hidrogênio e gás carbônico] e o hidrogênio resultante do processo é injetado na célula, gerando a energia necessária para a propulsão do motor elétrico”
O etanol emite menos gases poluentes do que os combustíveis fósseis, emissão esta que é neutralizada pelo plantio da cana-de-açúcar, fechando o ciclo de maneira sustentável.
O etanol é uma fonte de energia renovável, reduz a dependência de combustíveis fósseis e minimiza as emissões de gases de efeito estufa, seu uso em veículos elétricos pode ser uma um caminho para maior sustentabilidade ambiental.
*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.
Fonte: Forbes Agro
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