Caminhoneiros estão prometendo manter o bloqueio do Porto de Oakland até que o governador da Califórnia, Gavin Newsom, ouça suas preocupações sobre uma nova lei estadual que tornará mais difícil para eles operarem. Oakland é o terceiro porto de contêineres mais movimentado da Costa Oeste dos Estados Unidos.
“(O bloqueio) pode continuar por mais algumas semanas ou mais alguns meses”, disse Gary Schergill, gerente geral de uma empresa de transportes de Oakland, J & S Drayage, que se identificou como representante de centenas de caminhoneiros que protestavam no porto.
Representantes de Newsom, um democrata, não responderam a um pedido para comentar o assunto.
Ed DeNike, presidente da SSA Containers, que movimenta cerca de 70% da carga que entra e sai do porto, disse que espera retomar algumas operações em breve. DeNike disse, porém, que seus pátios de contêineres estão tão cheios que a empresa só tem espaço suficiente para movimentar cerca de 2 mil dos 10 mil contêineres que normalmente carrega e descarrega dos navios em um período de 24 horas.
Autoridades portuárias disseram que 15 navios estavam esperando por espaço para atracar na quarta-feira. O Porto de Oakland tem enfrentado dificuldade para lidar com os maiores volumes de contêineres durante a pandemia de covid-19. Antes da pandemia, era incomum que os navios tivessem de esperar por um lugar no porto.
Peter Friedmann, diretor executivo da Coalização de Transporte Agrícola, uma associação com sede em Washington que representa os interesses de produtores agrícolas no transporte marítimo, disse que os protestos são um golpe para exportadores de amêndoas, nozes, arroz e laticínios que estavam apenas começando a fazer algum progresso após dois anos lutando para conseguir enviar seus produtos ao exterior. “A cadeia de suprimentos já está em crise”, disse Friedmann.
A nova lei da Califórnia, conhecida como AB5, é parte de uma batalha regulatória mais ampla nos EUA sobre acordos de trabalhadores independentes em empresas como Uber e Lyft. O sindicato Teamsters, que visa organizar motoristas na Califórnia, diz que as transportadoras classificam erroneamente motoristas como trabalhadores independentes para privá-los de salários e benefícios justos.
Muitas empresas de transporte empregam seus próprios motoristas. Mas na Califórnia elas também contam com cerca de 70 mil proprietários-operadores independentes que transportam cargas entre os portos e centros de distribuição do Estado. A lei torna mais difícil para as empresas classificar os motoristas que trabalham regularmente para elas como contratados independentes.
Muitos caminhoneiros dizem que a nova lei os forçará a procurar trabalho como motoristas empregados ou que terão de pagar mais por seguro e licenças para permanecerem independentes de acordo com as diretrizes da lei.
Said Ahmedi, um caminhoneiro de 47 anos e manifestante de Elk Grove, Califórnia, disse que gosta da liberdade de ser autônomo, mas que seria muito complicado continuar como proprietário-operador sob a nova lei.
Os legisladores da Califórnia aprovaram a lei em 2019 e ela deveria entrar em vigor em 2020, mas foi adiada devido a uma contestação legal da Associação de Caminhoneiros da Califórnia. Uma decisão de 30 de junho da Suprema Corte dos EUA de não revisar o caso permite que a Califórnia comece a implementar a lei nos próximos meses.
Fonte: Dow Jones.