As fabricantes de turbinas para geração de energia eólica ainda estão aprendendo a lidar com uma inflação de custos que deve perdurar pelos próximos anos, em meio à alta de preços de commodities e à forte demanda por equipamentos eólicos na transição energética global, disseram executivos que participaram nesta quarta-feira do evento Brasil Wind Power.
Grandes multinacionais, como Siemens Gamesa, Nordex e Vestas, avaliam que a indústria eólica está “doente”, dada a piora de rentabilidade dos negócios observada em todo o mundo, e precisa achar uma solução para recuperar sua lucratividade.
Rodrigo Ferreira, head de procurement da Vestas para a América Latina, disse que o “imprevisível” foi a tônica dos últimos anos. “Se soubéssemos de tudo isso (pandemia, guerra na Ucrânia), a precificação (dos contratos de fornecimento de equipamentos) não seria a mesma”.
Segundo ele, a indústria de aerogeradores ainda não conseguiu achar uma forma de se adaptar à volatilidade recente de custos –cenário que deve persistir, dada a pressão para que a indústria mundial “dobre ou quadruplique” de tamanho até 2030.
“As mesmas commodities que o setor eólico consome são as mesmas do setor solar, de automóveis elétricos… Haverá uma demanda global muito maior por aço, cobre, alumínio”, acrescentou Ferreira.
Para o diretor de compras da Nordex no Brasil, Marcelo Aparecido da Costa, as fabricantes de aerogeradores ainda enfrentarão pelo menos dois anos de resquícios da pandemia e da inflação mundial nos custos.
“Vamos ver uma nova onda de aumento de custos na cadeia que vai demorar para ser absorvido”, disse Costa.
Já o diretor da WEG Energia, João Paulo Gualberto da Silva, disse enxergar uma melhora de rentabilidade a partir de meados de 2023, quando alguns contratos de fornecimento de equipamentos firmados antes da pandemia, em outro contexto de custos, começarão a sair da carteira das companhias.
Fabricantes de turbinas vêm lutando para lucrar com a forte demanda global por energia limpa, enquanto lidam com o aumento dos preços de matérias-primas, custos logísticos e altas taxas de importação.
Neste ano, a General Electric, uma das principais fornecedoras do setor de energia eólica, anunciou a interrupção de suas vendas de aerogeradores no Brasil, pressionando a cadeia de suprimentos local.
Novas soluções
Para o executivo da Vestas, há uma agenda propositiva a ser explorada para que as empresas saiam do vermelho, como melhorias tributárias e novas estratégias de precificação dos contratos.
Felipe Ferrés, country manager da Siemens Gamesa no Brasil, ressaltou que as soluções para enfrentar o cenário desafiador de custos não são simples. “Não adianta só pegar meu risco e passar para o quintal do vizinho”, disse.
Ferrés defende a aplicação de uma “engenharia financeira”, com instrumentos financeiros que permitam, por exemplo, fazer hedge de custos de matérias-primas importadas. Para ele, as soluções devem ser debatidas e aplicáveis a todas as companhias, numa espécie de “padronização” para beneficiar a indústria local como um todo.
Fonte: Reuters
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