A bioenergia no Brasil precisa de uma Secretaria de Energias Renováveis (SER), disse nesta terça (22/11) Miguel Lacerda, diretor do Inmet e ex-diretor de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia.
“Isso manda um sinal, estabelece o que precisa ser feito e dá uma nova direção”, explicou durante um evento do setor de biodiesel esta manhã.
“A palavra da vez é transição. É transição aqui, mas antes de tudo é transição no mundo. Quase 80% das emissões de CO2 equivalentes no mundo são causadas por combustíveis fósseis”.
De acordo com Lacerda, o mercado de soluções para descarbonizar a energia global movimenta cerca de US$ 200 bilhões por ano — investimento que o Brasil estaria deixando passar.
“Se negamos a transição, ou a necessidade de uma estrutura que valorize a menor emissão de carbono, estamos jogando fora os US$ 200 bilhões”.
O diretor do Inmet é um dos indicados do setor de biodiesel para atuar como consultor extraordinário no GT de Minas e Energia. E busca um espaço na equipe do novo governo.
Foco em renováveis
A ideia é que o Ministério de Minas e Energia (MME) tenha uma secretaria dedicada às políticas de transição energética, subdividida em três departamentos: energias da natureza, bioenergia, e novas energias e eficiência.
A proposta foi elaborada por servidores que, assim como Lacerda, participaram da formatação da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), e será apresentada ao gabinete de transição para o governo Lula (PT).
Os mercados solar e eólico ficariam alocados em Energias da Natureza. Enquanto Novas Energias e Eficiência abarcaria novas tecnologias como hidrogênio verde.
Já Bioenergia se dedicaria às agendas de etanol e biodiesel, tendo o RenovaBio como norte.
Hoje, essas pautas estão difusas no governo, muitas vezes alocadas em secretarias de tradição fóssil.
“Petróleo e gás são importantes para o Brasil e precisam ser estruturados. Mas a gente precisa dar um sinal para a bioenergia no país. Estruturar, dar uma força institucional”, defende Lacerda.
Eólica, solar, biocombustíveis, hidrogênio são todos temas que estão fervilhando na agenda global de transição energética, ao mesmo tempo em que, internamente, passaram por grandes reformas políticas no último governo.
Enquanto as novas energias, como eólica offshore e hidrogênio verde (ou arco-íris), lutam por uma regulamentação que dê segurança jurídica aos investidores — de olho no potencial brasileiro –, outras, como o biodiesel, vêm sofrendo com uma série de mudanças estruturais.
Só nos últimos dois anos, o setor de biodiesel teve seu modelo de comercialização alterado, o mandato de mistura com o diesel fóssil reduzido, e agora corre o risco de perder ainda mais participação no mercado com a abertura para o produto importado e a disputa com diesel verde e o coprocessado R5 da Petrobras.
Fonte: Agência epbr
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