O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje que o governo federal terminou a “modelagem de privatização do Porto de Santos”. Com isso, ele reforçou que o governo tentará a privatização ainda em 2022. Pouco antes, Guedes tinha participado da reunião do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
‘Vamos tentar ainda neste ano o Porto de Santos”, disse em participação virtual na 56ª Convenção Associação Brasileira de Supermercados (Abras).’
Guedes afirmou também que o PPI qualificou na reunião as Docas do Rio de Janeiro e do Pará para privatizações.
Segundo o ministro, os compromissos de investimentos já somam R$ 907 bilhões para os próximos 10 anos, com R$ 179 bilhões em outorgas no mesmo período.
“O mais importante neste momento é a confiança na economia brasileira”, afirmou aos empresários do setor. “É muito importante vocês não se perderem nas narrativas políticas.” Ele pediu aos empresários que “não desanimem, [porque] o período mais difícil já ficou para trás”.
O ministro afirmou que o Brasil “é a economia com maior crescimento do G-7” neste ano e “com a menor inflação das economias avançadas”, com a exceção de China e Japão, que historicamente têm trajetória de preços baixa.
“Sabemos que vamos crescer [mais] até o fim do ano”, afirmou citando “temporadas fortes de vendas”, como Black Friday, Copa do Mundo e Natal. “Os supermercados vão ter essa demanda [pela transferência de renda do Auxílio Brasil].”
Guedes também projetou que os investimentos medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo vão superar 19% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
Ele afirmou que decidiu com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, a devolução “ainda neste ano” dos últimos R$ 80 bilhões ou R$ 90 bilhões que a instituição financeira deve à União.
Por fim, o ministro afirmou que não compareceu pessoalmente ao evento porque “há algumas questões que seguimos aqui tratando relativas a ajustes que temos que fazer nas programações orçamentárias”. Na quinta-feira, o Ministério da Economia apresenta o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias.
Guedes afirmou ainda que, antes do fim do ano, será registrada a menor taxa de desemprego nos últimos 15 anos, de cerca de 8%. Ele destacou a geração de 16 milhões de empregos, entre formais e informais, nos últimos dois anos, após atingir o “fundo do poço” durante a pandemia.
O ministro destacou ainda que, este ano, os três níveis de governo registrarão saldos positivos em suas contas. É algo que não ocorre há 13 anos, frisou. Isso ocorrerá apesar de o governo estar cortando impostos. “Somos liberal-democratas: quando imposto aumenta transferimos o ganho para a população”, comentou.
“Já estamos na rota do crescimento, e o crescimento é sustentável”, disse. Como exemplo, ele citou o setor de turismo, que gerou R$ 18 bilhões em julho após sofrer duramente os impactos da pandemia.
BC
Um dia depois de haver afirmado que o Banco Central “cometeu erros”, o ministro Guedes afirmou que “o Banco Central brasileiro trabalhou certo”, pois foi “o primeiro a se mover” e elevar juros diante da alta da inflação. “Estamos com juros relativamente fortes e a inflação, começando a descer”, comentou.
Ele destacou a queda nos preços da gasolina, dos alimentos e a perspectiva de deflação em setembro.
Repetiu que a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), disse, pode chegar a 3%, como resultante de dois vetores: de um lado, investimentos de caráter estrutural; de outro, a desaceleração cíclica produzida pelos juros altos no combate à inflação.
Em 2023, disse, os dois elementos estarão jogando a favor do crescimento, pois os juros estarão menores, proporcionando “reaceleração cíclica”.
O ministro afirmou ainda que, além de R$ 900 bilhões de “investimentos convencionais” contratados para os próximos 10 anos, o Brasil receberá “outra onda de investimentos” a fim de “garantir a segurança energética para a Europa e a segurança alimentar para o mundo”.
Ele afirmou que a economia americana está “indo para um processo de estagflação”, do qual “terão muita dificuldade para sair”. Também afirmou que haverá “estagnação” na Europa.
Guedes afirmou que o governo quer usar imóveis da União, empresas estatais e recebíveis para lançar um programa de investimentos públicos e outro de erradicação da pobreza.
Segundo Guedes, o Brasil possui R$ 1 trilhão em imóveis, quase R$ 1 trilhão em empresas estatais e R$ 2,5 trilhões em recebíveis. Parte desses recursos pode ser colocado no Fundo de Erradicação da Pobreza. “Vamos transferir propriedades aos mais frágeis”, disse. “Não só a transferência de renda, mas a transferência de propriedades.”
Dessa forma, seria fortalecido o consumo de massa. Esse processo seria ajudado também pelas “rampas de ascensão social”, que já estão em funcionamento em programas como o microcrédito e o Peac Maquininhas, e pela geração de empregos.
Teto de gastos
Guedes voltou a dizer o teto de gastos precisou admitir exceções porque estava “mal construído”.
A primeira exceção, disse ele, foi feita para que a União pudesse transferir recursos (da cessão onerosa de excedentes do pré-sal) a Estados e municípios. Foi uma falha na construção do mecanismo, disse.
Outra exceção foi aberta na pandemia, para pagamento do Auxílio Emergencial. Ele questionou se teria sido possível atravessar a pandemia sem o benefício social. Foi outro momento em que o teto se mostrou mal construído, disse.
Apesar dessas exceções e da pandemia, o Brasil segue com a política fiscal forte, disse.
Fonte: Valor Econômico
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