Há dez anos o Brasil não chegava ao chamado período úmido com os reservatórios das hidrelétricas tão cheios, principalmente os localizados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, conhecidas como a “caixa d´água brasileira”.
Os indicadores de armazenamento apontam que em 2023 o próximo governo, ainda que tenha que lidar com muitos problemas, não terá de enfrentar a bandeira tarifária vermelha, que tanto afetou a inflação neste ano e no anterior. O período úmido vai de meados de outubro a abril do ano seguinte, quando os reservatórios serão ainda mais abastecidos pelas chuvas.
No ano passado, com a pior seca dos últimos 91 anos, os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste chegaram nesta mesma época 17% cheios. Nos anos anteriores também ficaram abaixo dos 30% da capacidade, com a melhor performance registrada em 2013, quando a armazenagem de água chegou a 47,31%.
Neste ano, o período seco está terminando com um armazenamento de água de mais de 50% no principal subsistema do País, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS).
“Do ponto de vista econômico e de mercado isso é muito positivo, porque a bandeira verde vai ficar no mínimo até junho do ano que vem, se tudo correr nessa direção. Seria uma contribuição muito importante para esse momento de combate à inflação que o País está tendo que enfrentar”, avalia o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ (Gesel), Nivalde de Castro.
Apesar de destacar que com as mudanças climáticas e o aquecimento global a previsibilidade do clima ficou ainda mais instável, principalmente no caso do Brasil, que depende 50% das usinas hidrelétricas, Castro afirma que o País passa por um momento muito favorável, já que as chuvas no período seco ficaram acima da média histórica, o que indica que o período úmido também será chuvoso.
“O importante é que fica a Tarifa Verde. Implica dizer que as termelétricas não serão acionadas e vai prevalecer a energia hídrica, solar e eólica, que são mais baratas”, explica.
De acordo com o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Ciocchi, a armazenagem mais favorável dos reservatórios se deve em parte à chuva e em parte à gestão da vazão de água de algumas usinas, feita este ano pelo operador. Furnas, por exemplo, chegou a ficar com o reservatório 80% cheio em junho, e chega ao período úmido com 50% de armazenamento.
“A estratégia permitiu que chegássemos ao final do período seco com os reservatórios em patamares, na média, bem superiores aos dos últimos anos. Os dados disponíveis e as previsões hidrometeorológicas para o período úmido permitem afirmar que há segurança para o atendimento da demanda por eletricidade da sociedade nos próximos meses”, diz Ciocchi, que em entrevista ao Broadcast em junho esperava que o nível do subsistema Sudeste/Centro-Oeste estivesse pelo menos com 40% de armazenamento, o que foi superado.
Fonte: Broadcast
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