A Marfrig está com uma boa oferta de animais, e o segundo semestre deste ano deve permanecer satisfatório em relação a essa questão, avalia o gerente de Compra de Gado da empresa, Maurício Manduca, que credita a condição ao bom relacionamento da Marfrig com os fornecedores de animais para abate. “Oscilações sazonais de oferta de gado são sentidas de forma menos intensa (pela companhia). Sofremos menos do que os demais frigoríficos em razão dos programas com o produtor”, declarou.
Manduca garantiu que 2022 está sendo um bom ano de oferta de gado e não há dificuldades da empresa em conseguir boiadas nos dez Estados em que atua. “Está condizente com as expectativas.” Na projeção do executivo, o número de bovinos a serem confinados no segundo giro deste ano, agora no segundo semestre, deve ficar próximo do número do ano passado, mesmo com o alto custo de insumos essenciais à atividade, como milho e farelo de soja. “Na comparação anual, o preço do boi magro está mais atrativo do que em 2021. O equilíbrio entre as despesas do confinador não está tão pior assim, pelo contrário, está até um pouco melhor. As projeções da segunda safra de milho (atualmente em fase de colheita) estão superando as estimativas e também devem ajudar”, explicou.
O executivo tem observado, ainda, maior concentração de animais em estruturas maiores de confinamento. “(O confinamento) Migra da mão de pequenos confinadores, que muitas vezes não conseguiram se planejar em relação à estratégia, para fornecedores que têm um plano de médio e longo prazo”, disse. Essa relação, na visão de Manduca, permite que o número de animais confinados não recue em 2022 em comparação com o ano passado.
Do lado dos custos, a disparada dos combustíveis elevou as despesas com frete das operações da Marfrig, mas não “inviabilizou” as atividades.
“Acaba interferindo. O frete tem um impacto não só na compra do boi magro, mas no transporte da ração e no transporte do alimento”, pontuou o executivo.
Tema relevante para a indústria, a sustentabilidade na pecuária brasileira está no radar de investidores, e começa a ser entendida pelos pecuaristas que fornecessem boiadas à Marfrig, de acordo com Manduca.
“Eles entendem que não é uma questão de frigorífico A, B ou C, mas de conquista de mercado brasileiro, da carne brasileira. Está sendo vista a pressão sobre desmatamento e invasão de terra indígena (no País). É uma pauta que está aí. Eles veem que não é algo estabelecido pela indústria frigorífica, e sim pelos consumidores. (Isso) Tem conscientizado os nossos produtores e estão mais sensíveis à causa”, garantiu.
Segundo o gerente de Compras, o bom relacionamento da companhia com o bovinocultor permitiu também que as operações de venda de bovinos “fluísse melhor nos últimos tempos”. Houve a oportunidade, ainda, de a companhia demonstrar que oscilações na arroba do boi gordo acontecem em razão do mercado, independentemente dos frigoríficos. “Fruto de maturidade do próprio produtor que passa a entender que o mercado é soberano e a hora que (o preço) sobe, sobe. O frigorífico não tem interesse nenhum em segurar preço, até porque é uma indústria que opera à margem”, explica.
Manduca disse, ainda, que o portal do pecuarista da Marfrig, que completa um ano no dia do pecuarista comemorado nesta sexta-feira (15), permitiu a proximidade da empresa com a cadeia produtiva, que, por sua vez, evita a falta de matéria-prima primordial da empresa. A companhia planeja expandir a ferramenta para sua operação na Argentina também neste mês.
Fonte: Estadao