A Organização Internacional do Açúcar (OIA) reduziu, mais uma vez, a expectativa de superávit global para o ano-safra 2022/23 (de outubro de 2022 a setembro de 2023). Em relatório divulgado hoje, a entidade disse que o volume excedente disponível para o ciclo é de 852 mil toneladas, ante 4,151 milhões de toneladas previstas no relatório de fevereiro. Segundo a OIA, a queda da produção na Índia e na Tailândia e a desaceleração das exportações brasileiras nos últimos meses têm contribuído para o menor superávit e para a alta de preços do adoçante.
A entidade reduziu a perspectiva de produção mundial de açúcar, que deixou de ser um recorde histórico. A perspectiva atual é de fabricação de 177,365 milhões de toneladas em 2022/23, 2,82% acima das 172,503 milhões de toneladas de 2021/22, mas abaixo da estimativa de fevereiro de 180,431 milhões de toneladas para a safra atual. Enquanto isso, o consumo global foi aumentado de 176,280 milhões de toneladas para 176,513 milhões de toneladas. Na última temporada, o consumo foi de 174,773 milhões de toneladas.
A OIA prevê importações de 63,559 milhões de toneladas de açúcar na temporada 2022/23 pelo mundo e exportações de 63,898 milhões de toneladas. A diferença entre os fluxos resultará em uma balança comercial com leve superávit, de apenas 339 mil toneladas. O resultado, no entanto, pode mudar, segundo a OIA, já que há um grande volume de exportações que ainda serão produzidas e exportadas do Hemisfério Sul (Brasil, em particular), antes do fim de setembro. Os estoques finais da temporada 2022/23 estão previstos em 100,781 milhões de toneladas, alta de 0,51% ante as 100,268 milhões de toneladas de 2021/22.
No que se refere ao Brasil, principal produtor global da commodity, a expectativa é de produção de 41,951 milhões de toneladas, consumo interno de 10,6 milhões de toneladas e exportações de 29,2 milhões de toneladas. Em fevereiro, a entidade previa produção de 41,006 milhões de toneladas, consumo de 10,4 milhões de toneladas e exportações de 28,5 milhões de toneladas. A Índia, segundo principal player global, deverá produzir 32,8 milhões de toneladas de açúcar (ante 34,3 milhões de toneladas previstas em fevereiro) e as exportações devem ser de 6,5 milhões de toneladas (inalteradas ante fevereiro).
Exportação do Brasil
A OIA afirmou, no relatório, que a queda nas estimativas de safra e de exportação na Tailândia e na Índia contribuíram para um sentimento altista do mercado futuro de açúcar demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), mas que a desaceleração das exportações do mercado brasileiro, nos últimos meses, foi um fator fundamental para a manutenção do adoçante valorizado. “A partir de maio, serão as matérias-primas brasileiras que cobrirão a maior parte da demanda global de importações”, ressaltou a entidade, que estima que o País exportará 29,2 milhões de toneladas no ciclo.
Em relatório divulgado hoje, a organização prevê superávit global no ciclo 2022/23 (outubro de 2022 a setembro de 2023) de apenas 852 mil toneladas, ante 4,151 milhões de toneladas previstas no relatório de fevereiro. “No entanto, com cerca de 47% das exportações brasileiras da safra 2022/23 ainda a serem realizadas no período de maio a setembro, a possibilidade de que o modesto superávit esperado para a safra 2022/23 impulsione ainda mais os preços ainda não foi comprovada”, disse a entidade. A perspectiva da OIA para os futuros em NY, nos próximos três meses, permanece “neutra”. A organização considera que haverá aumento das exportações do Centro-Sul do Brasil, antecipando vendas da safra 2023/24 (que começou em abril no País).
Etanol
A OIA estima produção mundial de etanol de 111,8 bilhões de litros em 2023, acima dos 109,4 bilhões de litros de 2022 e resultado semelhante aos 111,79 bilhões de litros previstos em fevereiro. Os dados foram divulgados hoje em relatório com as perspectivas para a safra 2022/23 de açúcar (de outubro de 2022 a setembro de 2023). O volume previsto para o ciclo representa aumento de 2,19% ante o registrado no ano anterior.
Segundo a entidade, o consumo de etanol deve ser de 107,5 bilhões de litros em 2023, alta de 3,11% ante os 104,25 bilhões de litros de 2022. “A melhora no consumo em relação a 2022 é impulsionada pelo aumento na produção dos EUA, que sozinhos devem contribuir com 1,2 bilhão de litros para a contagem global”, disse a OIA. O Brasil também será um destaque para o biocombustível com incremento anual de 427 milhões de litros. Também registram aumento da produção de etanol: Índia (+860 milhões de litros), China (+250 milhões de litros), União Europeia e Reino Unido (+160 milhões de litros), Argentina (+135 milhões de litros) e Tailândia (+75 milhões de litros).
Para a Índia, a entidade destaca o “ambicioso programa de expansão do uso de etanol”, que prevê atingir a mistura de 12% à gasolina neste ano (E12), ante 10% em 2022. “Nos EUA, os incentivos para o E15 durante os meses de verão aumentarão as vendas. Na Europa, o E10 foi introduzido na Áustria, Irlanda e Noruega. Enquanto isso, no Brasil, a nova política de preços da Petrobras deve substituir a política de paridade de importação de combustíveis, que tinha como objetivo alinhar mais estreitamente os preços na bomba com os mercados mundiais de petróleo e câmbio”, disse a OIA, sem detalhar sua posição sobre as mudanças.
Fonte: Broadcast