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Tarifas globais ameaçam o processo de transição energética

Redação Visão Agro por Redação Visão Agro
11 setembro, 2025
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Tempo de leitura: 9 minutos
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Estudo ainda aponta um possível aumento de custos e de dependência de combustíveis fósseis nos próximos anos

Em meio às crescentes tensões comerciais, um estudo da consultoria McKinsey, divulgado em julho de 2025, alerta que tarifas elevadas – como o tarifaço imposto pelos Estados Unidos em 50% a importação para produtos brasileiros – podem desacelerar a transição energética, aumentar custos e reforçar a dependência de combustíveis fósseis nos próximos anos.

Embora a análise foque nos Estados Unidos e na União Europeia, especialistas avaliam que efeitos devem se estender para países que têm buscado se inserir no contexto da transição energética e estão sujeitos ao aumento da tributação, como o Brasil.

O relatório projeta três cenários diferentes: um de aceleração da produtividade, em que a transição segue praticamente intacta apesar das tarifas; um intermediário, em que barreiras comerciais reduzem o comércio de insumos críticos como baterias e painéis solares; e um quadro mais severo, de escalada das tensões globais.

Este último poderia estagnar a expansão das renováveis e atrasar em até dois anos as metas europeias de energia limpa. Nos Estados Unidos, o risco é ainda maior: a participação das fontes renováveis poderia estagnar após 2035, com espaço crescente para o gás natural.

O cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Guilherme Casarões explica que a política tarifária implementada pelo governo de Donald Trump pode ter consequências profundas. “No cenário mais negativo, a tendência natural seria de reindustrialização baseada em combustíveis fósseis, como gás e petróleo. Isso poderia desacelerar a transição de forma contundente, comprometendo as metas globais de redução de emissões”, afirma.

De acordo com o acadêmico, enquanto a União Europeia ainda poderia manter parte de suas metas, mesmo com atrasos, os Estados Unidos correm o risco de abandonar o protagonismo energético limpo. “Há um lado negacionista nas políticas de Trump, que resgata o lema ‘drill, baby, drill’, em referência à exploração intensiva de petróleo e gás de xisto. Esse discurso vai contra o movimento global em direção às energias renováveis”, completa.

Efeitos práticos

O presidente executivo da Associação Brasileira das Empresas de Bens e Serviços de Petróleo (ABESPetro), Telmo Ghiorzi, acredita que o setor energético nacional será pouco afetado em princípio, pois o país é, em relação aos EUA, maior importador do que exportador de bens e serviços de petróleo e fontes renováveis.

Porém, ele entende que a abrangência e a profundidade das medidas de reciprocidade do governo brasileiro podem produzir efeitos indesejáveis no futuro. O tarifaço atual pode não ser novidade em termos econômicos, mas se destaca pela intensidade e pelo caráter explícito.

“Por outro lado, há efeitos indiretos, também ainda pouco compreendidos, que podem afetar a indústria brasileira. Muitos equipamentos exportados pelos EUA recebem componentes de outros países também afetados pelo tarifaço global. Então, pode haver efeitos cascata que afetem o preço de equipamentos importados. Os efeitos no médio e longo prazo ainda precisam ser mais bem observados”, comenta.

O deputado federal Zé Vitor (PL-MG), vice-presidente de Infraestrutura Energética da Frente Parlamentar de Energia, alerta que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos impacta o processo de transição energética de diferentes formas. No caso da energia eólica, o impacto é ainda mais direto, já que a produção de turbinas depende da combinação entre componentes importados e produzidos localmente.

“Para além das dificuldades do mercado brasileiro, a cadeia industrial eólica do Brasil está cada vez mais exposta ao contexto geopolítico. É preciso uma visão estratégica em relação a esse contexto. Caso contrário, a indústria eólica do Brasil terá o mesmo destino da solar, completamente dependente da China”, afirma e segue: “Precisamos de políticas de incentivo à indústria nacional e de ampliar parcerias internacionais, de modo a reduzir os efeitos das barreiras comerciais e assegurar a continuidade da expansão das fontes renováveis”.

Outro setor impactado será o de óleo diesel, por exemplo. O combustível não foi incluído diretamente no tarifaço aplicado pelos Estados Unidos contra o Brasil, o que, em tese, também o excluiria de uma eventual reciprocidade tarifária. Ainda assim, a deficiência estrutural interna coloca o país como importador líquido de diesel, já que a demanda é superior à capacidade nacional de produção.

Ao analisar a situação, o analista de inteligência de mercado da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Yan Ulrich, afirma que o diesel foi suprido majoritariamente pelos EUA até 2022.

Agora, a conjugação de fatores como a decisão da Rússia de privilegiar o mercado interno, destinando volumes a clientes mais próximos e estratégicos, a imposição de tarifas americanas a alguns países e as dificuldades logísticas decorrentes dos ataques ucranianos, voltam a impulsionar os EUA como um fornecedor competitivo para o Brasil.

“Caso os EUA imponham tarifas adicionais sobre produtos brasileiros e o Brasil pratique a reciprocidade, haverá, em primeiro lugar, um aumento nos preços domésticos do óleo diesel – mesmo que ocorra uma redução nas importações privadas e concentração dessas operações na Petrobras”, comenta. “A opção economicamente mais lógica para substituir o diesel russo continua sendo o diesel americano, ainda que com preço ligeiramente superior”.

Impactos econômicos

As tarifas americanas também atingem diretamente a economia brasileira. “O Brasil foi um dos países mais prejudicados em termos nominais, especialmente no agronegócio e na indústria de base. O governo até anunciou um pacote de R$ 30 bilhões para mitigar os efeitos, mas, na prática, a discussão sobre transição energética acaba ficando em segundo plano diante das urgências econômicas”, avaliou Casarões.

Nesse contexto, o setor sucroenergético brasileiro acompanha de perto os desdobramentos. O presidente da Bioenergia Brasil, Mário Campos Filho, ressalta que o impacto direto das tarifas sobre o etanol nacional é limitado, mas estratégico. “O etanol não foi afetado pelo tarifaço. Isso porque nosso comércio com os Estados Unidos diminuiu muito nos últimos anos”, comentou.

No ano passado, o Brasil exportou apenas 300 milhões de litros de etanol para os Estados Unidos, enquanto o mercado interno consome cerca de 36 a 37 bilhões de litros por ano – ou seja, menos de 1% do total.

Ele lembra, no entanto, que a disputa tem implicações para o futuro da matriz energética: “Não faz sentido algum o Brasil fazer concessões aos americanos no tema etanol. Nós não precisamos importar etanol, e abrir espaço no mercado interno desestruturaria investimentos e derrubaria preços”.


Mário Campos Filho tem presença confirmada na Conferência NovaCana 2025, que acontece em São Paulo (SP) nos dias 15 e 16 de setembro. Ele será um dos debatedores do painel “Impacto das políticas públicas no etanol: riscos, oportunidades e próximos passos”. Clique aqui e veja a programação completa.


Para Campos, a expansão da produção de etanol de milho reforça essa posição. “Nos últimos anos o Brasil criou praticamente do zero uma nova indústria: o etanol de milho. Hoje, ele já representa 27% da produção nacional. Isso descentralizou a produção, levando o Centro-Oeste a ultrapassar São Paulo e trazendo o Nordeste de volta ao mapa”, diz.

O especialista também aponta a relevância do combustível na transição energética global. “O etanol tem espaço no mercado global de descarbonização. A aviação, por exemplo, terá de adotar combustíveis sustentáveis como o Combustível Sustentável de Aviação (SAF), que pode ser produzido a partir do etanol. O transporte marítimo também terá de reduzir emissões, e o etanol pode ser parte dessa solução”, completa.

A urgência na busca por uma solução fez o tema ser levantado durante a missão oficial do Senado brasileiro nos Estados Unidos. Nas agendas com parlamentares americanos e líderes empresariais, discutiu-se o risco de impacto das tarifas sobre insumos críticos para a transição energética, como equipamentos de infraestrutura e componentes industriais.

“Houve preocupação expressa dos americanos de que, sem suprimentos vindos do Brasil, setores como o de transformadores e energia enfrentariam dificuldades para manter e expandir suas redes, podendo até enfrentar risco de apagões. Tenho dialogado diretamente com o Ministério de Minas e Energia sobre os impactos das tarifas americanas e buscado soluções integradas para mitigar os prejuízos a segmentos estratégicos”, destaca o senador Nelsinho Trad (PSD-MS).

Caminho estratégico

Questionado sobre as alternativas para o Brasil, Casarões apontou três frentes prioritárias. A primeira seria a China, que lidera a produção de tecnologias limpas e pode ser parceira estratégica. A segunda seria a União Europeia, que pressiona por padrões de sustentabilidade e pode ajudar a alinhar o agronegócio brasileiro a parâmetros internacionais. E a terceira seria a América do Sul, com recursos fundamentais como o lítio da Bolívia, o cobre do Chile e o gás da Argentina. O Brasil pode ser o hub dessa integração regional.

A China é um mercado evidente para Ghiorzi, da ABESPetro, que enxerga o país como um parceiro e um grande concorrente industrial. Para ele, o Brasil precisa avançar na busca por muitos acordos bilaterais e multilaterais em todas as áreas. “O Brasil precisa avançar em diversos acordos bilaterais e multilaterais. Fechar parcerias com o Suriname deveria ser prioridade, assim como com a Namíbia e outros países com potencial de crescimento das atividades petroleiras”, cita.

Segundo Ghiorzi, o país também precisa reformular sua política industrial. A estratégia de substituição de importações, herdada da década de 1930, deve ser superada em favor de uma política voltada à exportação de bens e serviços de alta complexidade tecnológica.

De acordo com ele, o Brasil reúne todos os ingredientes para se tornar força-motriz da transição energética global, já que sua matriz é majoritariamente renovável, ao contrário da chinesa, baseada em carvão. Isso dá vantagem competitiva às turbinas eólicas ou células fotovoltaicas produzidas no país, que podem ser vistas como alternativas mais limpas frente à média mundial.

Para além do Brasil, Casarões reforça que a disputa geopolítica é central para entender o futuro da transição energética. “Os Estados Unidos buscam a maior política de reindustrialização da sua história, baseada em combustíveis fósseis, enquanto a China já se posiciona como líder da transição verde. O choque entre esses dois paradigmas cria incertezas e pressiona países como o Brasil a se reposicionarem”, afirma.

No campo energético, um tema deve ganhar relevância nas negociações bilaterais: o etanol. “O mercado brasileiro pode ser pressionado a abrir mais espaço ao etanol americano. Isso até poderia paradoxalmente estimular uma exportação de energia limpa pelos EUA, mas não deixa de ser um ponto de disputa comercial sensível”, observa o professor.

O relatório da McKinsey conclui que, embora tarifas elevadas atrasem a transição energética e aumentem seus custos – em até 2% nos EUA e 3% na União Europeia até 2050 –, a mudança para fontes limpas deve continuar. O ritmo, no entanto, dependerá da capacidade dos países de diversificar cadeias produtivas, reduzir a dependência da Ásia e alinhar políticas industriais às metas climáticas.

“O futuro da transição energética vai custar mais e levar mais tempo se as tarifas permanecerem. Mas não há volta: a pressão por sustentabilidade e segurança energética seguirá guiando os próximos passos”, conclui Casarões.

Fonte:Jota

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