Commodity responde por 70% do mix médio do grupo no país, mas na usina Cruz Alta (SP) percentual já supera 80%
Com os preços do etanol próximos ao breakeven e as cotações do açúcar no patamar mais elevado em 11 anos, a francesa Tereos está investindo para extrair todo o açúcar que puder em suas usinas no Brasil, já na safra 2024/25.
Em suas seis unidades, o açúcar representa 70% do mix (o etanol responde por 30%), bem acima da média nacional. Contudo, o objetivo é elevar esse percentual ainda mais, para pelo menos 80%. No Brasil, 52% da moagem total de cana é destinada ao etanol e 48% para a produção de açúcar.
Na unidade Cruz Alta, localizada no município paulista de Olímpia, a 70 quilômetros de São José do Rio Preto, a Tereos já destina 82% da cana processada ao açúcar. Agora, a cooperativa francesa está ampliando o mix em suas demais usinas no país.
“Estamos investindo para tentar puxar ainda mais o mix para o açúcar na safra 2024/25 [que terá início em abril]. É um investimento que se paga em menos de um ano. Você sabe quanto vai investir, fixa hoje o preço do açúcar e paga em menos de um ano”, disse o presidente da operação brasileira da Tereos, Pierre Santoul, ao IM Business.
Segunda maior produtora de açúcar do Brasil, a Tereos esmagou no ciclo 2023/24 cerca de 20,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Desse total, foram produzidas 1,9 milhão de toneladas de açúcar, das quais 80% foram destinadas à exportação. No caso do etanol, foram produzidos 560 milhões de litros do biocombustível.
Santoul reforça que o açúcar tem se mostrado muito mais lucrativo que o etanol. Enquanto o adoçante é negociado a US$ 0,27 por libra-peso, o preço equivalente do biocombustível é US$ 0,16 por libra-peso. “Daí você percebe quanto de lucro é deixado quando se vende etanol”, disse o executivo.
Com 300 mil hectares de cana cultivados no Brasil, dos quais 170 mil próprios e 130 mil de produtores parceiros, a Tereos também tem buscado cortar gastos na área agrícola. A área tratada com a vinhaça gerada pela indústria como fertilizante, por exemplo, cobriu 76% dos canaviais na safra 2022/23.
No atual ciclo 2023/24, o uso de vinhaça deverá cobrir 78% da área cultivada. A meta é chegar a pelo menos 90% na safra 2025/26. “A área agrícola representa entre 65% e 70% dos custos da empresa. Se não tivermos essa parte sob controle, não dá para ganhar dinheiro”, afirma Santoul.
Uso de tecnologias
Reduzir o custo com fertilizantes é apenas um exemplo do que a Tereos tem feito desde que Santoul chegou à empresa, há sete anos. Vindo da matriz, na França, ele começou a implementar na companhia um processo de transformação digital, unindo uso de tecnologias, captação e análise de dados.
A alta liderança da empresa, formada essencialmente por brasileiros, é unânime em dizer que a Tereos entrou em uma nova era a partir de 2016. A companhia tem um histórico de sete anos de seus canaviais em imagens.
Uso de drones para pulverização e mini-aviões para identificar falhas no meio do canavial já são comuns na empresa. As ações mais recentes incluem uma parceria com uma empresa israelense, que capta por meio de um avião imagens em alta definição que identificam, entre outras doenças, fungos nas folhas da cana.
Outra tecnologia recém-chegada e ainda em testes é um robô que percorre as áreas de plantio identificando cada planta daninha e aplicando herbicida para controle das pragas. A expectativa é que a novidade reduza em 50% o uso de herbicida nos canaviais da Tereos.
“Eu tomo decisões baseadas em dados e fatos. Os mesmos dados precisam estar disponíveis para todos. Temos que ter pessoas com capacidade para analisar esses dados e gerar os insights”
“São montes de pequenas coisas que, juntas, geram um resultado expressivo”, afirmou Santoul. Ele não revela quanto, mas disse que a Tereos Brasil teve sob sua gestão um incremento de cinco pontos percentuais em seu Ebitda, independentemente dos ciclos de produção e preços.
Há 23 anos no Brasil, a Tereos fechou a safra 2022/23 com receita de R$ 5,2 bilhões. A empresa projeta para o ciclo 2023/24 moagem de 20,5 milhões de toneladas de cana, produção de 1,9 milhão de toneladas de açúcar e 560 milhões de litros de etanol e geração de 1.500 GWh de energia elétrica.
Fonte: InfoMoney
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