Fabricado no Brasil, modelo da multinacional New Holland pode ser conduzido por pessoas que perderam em parte ou na totalidade a movimentação nas pernas
Trator adaptado para portadores de deficiência, TL5 Acessível está disponível nas versões com plataforma e cabine New Holland
Um trator adaptado para pessoas com deficiência chegou ao mercado, oficialmente, nesta segunda-feira (14/8), em Curitiba (PR). A máquina é fabricada no Brasil pela multinacional New Holland Agriculture, do Grupo CNH Industrial. De acordo com a empresa, o TL5 Acessível é o primeiro com esse tipo de acessibilidade de fábrica no mundo, destinado a pessoas com restrições de mobilidade nas pernas.
O modelo foi apresentado pelo agricultor Fernando Dalmolin, de Mafra (SC). Há um ano e quatro meses, ele perdeu o movimento dos membros inferiores ao sofrer um acidente de trabalho. “Eu me criei no campo, retornar é um avanço e um prazer enorme para mim”, frisa.
Ele conta, inclusive, que está na fila para encomendar o trator, que será produzido na unidade da New Holland na capital paranaense e começará a ser vendido em outubro.
Trator adaptado
A promessa do TL5 Acessível é proporcionar condições de trabalho iguais às de quem opera o maquinário não adaptado, com conforto, segurança e performance. A máquina vem equipada com uma plataforma de elevação e um joystick, com o qual o operador comanda os movimentos e realiza sozinho o embarque e desembarque.
A cabine e posicionamento dos comandos também foram adaptados, com o objetivo de facilitar as operações e garantir a ergonomia necessária sem abrir mão de espaço interno. E, caso haja necessidade ou demanda, pessoas que não têm restrições de mobilidade também podem operar a máquina em sua configuração original de fabricação.
O Brasil possui 17,3 milhões de pessoas com 2 anos ou mais com algum tipo de deficiência (8,4% dessa população), sendo que 7,8 milhões possuem deficiência física nos membros inferiores. Do total de pessoas com alguma deficiência no Brasil, 2,9 milhões residem em domicílios rurais.
A New Holland desenvolveu o projeto em parceria com a empresa de mobilidade inclusiva Elevittá, Arteprima e o Senai de São Leopoldo (RS). O investimento foi de R$ 5 milhões, com subvenção do programa Rota 2030, linha de financiamento em que o governo absorve a maior parte do valor a ser investido como forma de apoiar e incentivar projetos de inovação e de perfil social para inclusão no campo.
Cadeirante, o agricultor Fernando Dalmolin, que fez a demostração na fábrica da New Holland, também participou do desenvolvimnto do trator acessível. “Este trator acessível surgiu a partir de uma necessidade real de muitos agricultores, que foram fundamentais para que chegássemos ao produto final, focando sempre na segurança do operador”, observou Flávio Mazetto, diretor de Marketing de Produto da New Holland Agriculture para a América Latina.
Trator adaptado tem controle de plataforma de embarque e desembarque e comandos de cabine reconfigurados — Foto: New Holland
O modelo acessível de fábrica deve custar em torno de R$ 310 mil, com prazo médio de entrega de dois a três meses. Tratores da linha TL5 produzidos a partir de 2019 poderão ser adaptados. O custo do equipamento será de aproximadamente R$ 110 mil, podendo ser financiado.
Em entrevista coletiva concedida no evento de lançamento, os executivos da New Holland informaram que o banco da montadora discute com o governo federal a inclusão do TL5 Acessível nas linhas de crédito ao produtor rural operadas ainda para esta safra (2023/24). De qualquer forma, o Banco CNH Industrial anunciou que vai colocar condições especiais para compra da máquina. Atualmente, as linhas disponíveis têm taxas de juros acima de 9,9% ao ano.
“Eu me criei no campo, retornar é um avanço e um prazer enorme para mim”
— Fernando Dalmolin, agricultor que ajudou a desenvolver e apresentou a tecnologia
A influenciadora e especialista em inclusão Andrea Schwarz, que participou do lançamento da máquina, destacou a importância de se garantir acessibilidade e dar autonomia às pessoas com deficiência.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, divulgada pelo Ministério da Saúde em conjunto com o IBGE, o Brasil possui 17,3 milhões de pessoas com 2 anos ou mais com algum tipo de deficiência (8,4% dessa população), sendo que 7,8 milhões possuem deficiência física nos membros inferiores. Do total de pessoas com alguma deficiência no Brasil, 2,9 milhões residem em domicílios rurais.
Do conceito ao mercado
O projeto do TL5 Acessível começou em 2019, baseado em uma linha de tratores que a New Holland mantém há mais de 20 anos no mercado. O equipamento foi foi apresentado pela primeira vez como um conceito no Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR) e na Expodireto Cotrijal, em Não-me-toque (RS), em 2020 – duas das principais feiras agrícolas do país.
Segundo a New Holland, a “família” de tratores TL5 é indicada para tarefas do dia a dia da propriedade rural. A versão acessível está disponível com motores de 80, 90 e 100 cavalos de potência. Pode ser usada em pequenas, médias e grandes propriedades, em tarefas como preparação de solo, plantio, distribuição de calcário, colheita em pequenas fazendas, silagem, roçagem, pulverização, distribuição de fertilizantes, carregador frontal e serviços gerais.
“As pessoas com deficiência, inclusive as que vivem e trabalham no campo, querem ter autonomia para realizar suas atividades. O trator acessível permitirá eliminar barreiras que hoje impossibilitam muitos agricultores de acessarem o posto de operação de uma máquina”, afirmou Eduardo Kerbauy, vice-presidente da New Holland Agriculture para a América Latina.
O TL5 Acessível está disponível na versão sem cabine e com transmissão 12×12 com reversor hidráulico. A New Holland informou ainda que está desenvolvendo um sistema de telemetria para toda a linha, tanto os de plataforma quanto os cabinados. A promessa é de conectividade das informações geradas pela máquina por meio de um aplicativo de gestão de frotas.
A tecnologia permitirá, de acordo com a empresa, o agricultor visualizar o histórico de localização e receber notificações em casos de exceder limites dos talhão ou conduzir com velocidade acima da recomendada para a operação. Status da operação, ou seja, o tempo que a máquina realmente esteve operando, também poderão ser conferidas pelo produtor.
Fonte: Globo Rural
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