Na avaliação de analistas, a entrada no Índice Bovespa tende a direcionar as companhias para um “círculo virtuoso”. Para as empresas, a inclusão na carteira representa um “reconhecimento do mercado de renda variável” e uma “celebração do protagonismo” no setor.
O Índice Bovespa opera como um termômetro do mercado acionário do Brasil e mede as expectativas de desenvolvimento econômico do país a partir do desempenho médio das ações mais representativas da bolsa de valores brasileira. Para entrar no índice, as ações precisam, basicamente, estar entre as maiores em volume de negociação e pertencer a empresas com potencial alto de crescimento.
Em entrevista, o analista Luiz Carvalho, do UBS BB, avaliou que a entrada na carteira pode garantir mais liquidez aos ativos da Raízen e da São Martinho, aumentando a capacidade de compra e venda de uma ação dada a quantidade de dinheiro que esses papéis negociam.
“Muitos fundos são obrigados a comprar (as ações incluídas no Ibovespa), porque são fundos indexados, e outros começam a ter que olhar os papéis um pouco mais de perto, porque o benchmark é o Ibovespa”, afirmou Carvalho.
Outras fontes do mercado também destacam esse potencial estímulo à “força compradora” a partir da entrada no índice, mas afirmam que esse avanço da liquidez tende a ser limitado pelo tamanho da participação que essas empresas terão na carteira. A entrada com um porcentual muito pequeno tende a fazer com que essas empresas sejam “ignoradas”, pontuam alguns dos analistas.
O time de estratégia do Itaú BBA estimava peso de 0,28% para Raízen ante a prévia da B3 de 0,291%. Para a São Martinho, a Bolsa registrou peso de 0,22% e a estimativa do Itaú BBA era de 0,26%.
Apesar do baixo porcentual de entrada, analistas do setor são unânimes em dizer que o agronegócio é um setor subrepresentado na Bolsa de Valores em comparação com a relevância que tem no PIB brasileiro e que a entrada das companhias no índice é positiva.
“É legal ver o setor agrícola aumentando sua representatividade na bolsa. Hoje rondando em torno de 1,5%, ainda é muito desproporcional em relação à representatividade do setor para o PIB do Brasil”, avaliou o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA.
O diretor financeiro e de relações com investidores da Raízen, Carlos Moura, avaliou a inclusão da empresa no índice como “o primeiro movimento de reconhecimento do mercado de renda variável com a companhia”.
“A gente acredita que, com a entrada no Índice Bovespa, a movimentação sobre a nossa ação e a visibilidade sobre o que nós temos feito vai aumentar ainda mais”, explicou ele destacando que, hoje, cerca de 75% do público investidor da Raízen é estrangeiro.
Segundo o executivo, pelo histórico de outras empresas que entraram no índice, é possível notar que a volatilidade dos ativos aumenta, mas a atratividade do mercado também. “No longo prazo, é natural que você aumente o giro sobre o papel, mas é muito difícil você antever qual vai ser o efeito no preço”, pontuou Moura.
Apesar das incertezas quanto ao preço dos ativos, a Raízen avalia que o Índice Bovespa “vai fazer muito bem” para a empresa e completa que a companhia também deve agregar valor à carteira. “A gente insere no Índice Bovespa tecnologia e inovação, porque estamos desenvolvendo o etanol de segunda geração (E2G)”, ressaltou o diretor financeiro da Raízen. “É o agro com valor agregado”, completou.
Em nota, a São Martinho afirmou que a inclusão no Ibovespa é “uma celebração do protagonismo e disciplina praticados desde seu IPO”.
“A Companhia acredita que o desenvolvimento do seu plano de negócio, combinado com os projetos de expansão em etanol de milho e a usina termoelétrica, continuarão gerando valor aos acionistas e possibilitarão a permanência no índice”, disse a empresa.
Gabriela Brumatti
Fonte: agência Estado