Garantir condições para que o agronegócio brasileiro mantenha o desempenho dos últimos anos, quando superou inúmeras adversidades, da pandemia a crises globais, deve ser prioridade do próximo governo. Dúvidas ou hesitações quanto a isso a partir de 1º de janeiro de 2023 colocariam em risco um setor-chave para o País. Com faturamento de R$ 2,5 trilhões ao ano e responsável por cerca de 20% dos empregos gerados e pelo saldo positivo na balança comercial, o agro brasileiro contribui de maneira significativa para a segurança alimentar mundial.
Reforçar a posição do Brasil como líder na produção agrícola sustentável exigirá a manutenção de pelo menos cinco grandes iniciativas adotadas desde 2019. Entre as principais está o Plano Nacional de Fertilizantes, que teve como pano de fundo a crise global no abastecimento de insumos vitais devido à invasão da Ucrânia. O objetivo geral deste Plano, que também incentivará o uso crescente de fixadores biológicos de nitrogênio no solo e a produção de bioinsumos, é reduzir a dependência externa de fertilizantes dos atuais 85% para 60% até 2030.
Outro projeto essencial para a sustentabilidade do agro nacional é o Programa Metano Zero, que incentiva a produção nacional de biogás e biometano a partir do aproveitamento de resíduos agroindustriais e urbanos. No segmento de transportes, será preciso dar prosseguimento ao Programa Combustível do Futuro, integrante do Programa RenovaBio — iniciativa que, há três anos, promove uma bem sucedida descarbonização do setor automotivo com o uso de biocombustíveis, como o etanol, e do sistema flex fuel, duas tecnologias aprimoradas no Brasil. Com o etanol, biodiesel, bioquerosene de aviação e hidrogênio verde, o País caminha para ser protagonista no mercado regulado de créditos de carbono.
A crescente demanda mundial por produtos agrícolas brasileiros, hoje exportados para 200 mercados globais, implicará num aporte maior de recursos financeiros nos próximos anos. Faz-se necessário aperfeiçoar condições para que surjam novas fontes de financiamento em bancos privados e no mercado de capitais. Assim, recursos do Plano de Safra poderão ser mais bem aproveitados por cooperativas, na agricultura familiar e no seguro rural. No comércio internacional, deve-se acelerar a abertura de novos mercados, em especial na Ásia, região que apresenta o maior crescimento populacional do planeta.
É preciso, portanto, dar continuidade e aprimorar os programas que vem viabilizando avanços. Promover a ordem jurídica no campo, concluir o projeto da Ferrogrão, assegurar o cumprimento de acordos climáticos e combater o desmatamento ilegal são ações igualmente fundamentais. Deste modo, o próximo governo terá no agronegócio um aliado sempre empenhado no desenvolvimento do Brasil. Afinal, como sempre diz o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, “O Agro é Paz”.
Jacyr Costa Filho
Presidente do Cosag – Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e sócio da Consultoria Agroadvice
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