A Comissão Especial do Hidrogênio Verde (CEHV) do Senado Federal, criada há cerca de um mês com a finalidade de ouvir empresas, gestores públicos e especialistas envolvidos na cadeia produtiva do novo combustível, virá a Pernambuco no próximo dia 19. A CEHV atua buscando suprir o Senado, o governo e a sociedade com informações atualizadas sobre o desenvolvimento do hidrogênio verde (H2V) no Brasil.
A ideia inclui desenvolver políticas públicas para fomentar o ganho em escala dessa tecnologia de geração de energia limpa. Opera, ainda, com agências reguladoras e ambientais para acompanhar os avanços na área, detectando gargalos e identificando inovações.
Pernambuco é o primeiro estado a ser visitado pela comissão, que vem conhecer de perto o TechHub, centro de testagem de projetos inovadores com foco no combustível do futuro, no Complexo de Suape. Dos seis senadores que integram a comissão, três vêm ao Estado: Fernando Dueire (MDB-PE), Marcos Pontes (PL-SP) e Cid Gomes (PDT-CE), que preside o colegiado.
Segundo Dueire, o plano de trabalho segue estágios temporais, prevendo-se, entre outras agendas, debates com especialistas e troca de conhecimento com países que já trabalham com esse energético. A ideia, diz ele, é tentar oferecer uma contribuição ao futuro do planeta, com uma energia que possa ser competitiva e eficiente a médio e longo prazos.
Potencial de investimentos
O TechHub, liderada pela CTG Brasil, uma das principais empresas de geração de energia limpa no país, em parceria com o Departamento Nacional do Senai, Senai Pernambuco e o Governo do Estado, concentra em Suape a implementação de projetos inovadores focados na produção, transporte, armazenamento e gestão de H2V.
Criado a partir da constatação que o H2V é uma inovação mundial, principalmente na descarbonização (eliminação do uso de fontes de energia que emitem carbono, de modo a reduzir a emissão de gases com efeito de estufa), o TechHub tem grande potencial de investimento, sustentabilidade e desenvolvimento da economia verde.
“Um país consequente aperfeiçoa e monitora sua matriz energética e essa é a expectativa que temos quanto à CEHV, ainda mais nessa atual transição energética, quando as fontes limpas procuram se consolidar em novos espaços de fornecimento”, pontuou o presidente do Sindicato dos Produtores de Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE) e vice-presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Renato Cunha.
Combustível alternativo
O H2V surge, entre outras coisas, como alternativa à gasolina e ao diesel (combustíveis fósseis) em veículos leves, caminhões, trens e navios. Também pode atuar como energético industrial nas indústrias de cimento, aço, papel e celulose.
Entra, também, como matéria-prima, na siderurgia, produção de fertilizantes e no refino do petróleo. Também impacta positivamente na geração de empregos. Potencializa, por exemplo, a cadeia produtiva do etanol.
Renato Cunha lembra que o H2V é o combustível do futuro, mas que o etanol não fica atrás. Ambos, diz ele, podem conceder ao país um papel relevante na luta por um combustível verde.
O empresário explicou que dentre as fontes de hidrogênio hoje no mundo está a reforma eletroquímica, técnica usada na produção de hidrogênio a partir da oxidação de álcoois e quebra das moléculas de água.
“O etanol está sempre presente em fontes limpas e consistentes de energia. Está proliferado, difuso. Em tudo que surge hoje, a presença do etanol é bastante compreendida na academia, pelas montadoras, pelas fábricas, que fazem motores que utilizem combustíveis limpos”, acrescentou.
Aposta no carro híbrido
A importância do etanol nesse cenário pode ser percebida a partir dos investimentos das montadoras Stellantis e Wolkswagen, que não apostam no carro totalmente elétrico como principal solução para a descarbonização. A aposta delas para o país, que tem o etanol como um dos principais combustíveis, é no carro híbrido abastecido com o derivado da cana.
“Dessa forma, o Brasil, que é o maior mercado da América do Sul, vai liderar o projeto biolétrico com veículos híbridos que usam bateria aliada a motor com combustão alimentado por etanol. Quer dizer, o etanol também já está nos automóveis híbridos, já é uma realidade”, acrescentou Cunha.
O primeiro H2V certificado e gerado no Brasil foi concebido no Cabo de Santo Agostinho, município do território estratégico de Suape. Foi produzido pela White Martins, em 2022, e avaliado e certificado pela TUV Rheinland. “No total, 156 toneladas de H2V serão produzidas anualmente em escala industrial”, afirmou o diretor de Sustentabilidade do Porto de Suape, Carlos Cavalcanti.
Também no ano passado, Suape recebeu para análise a primeira manifestação de projeto industrial de uma unidade de produção de H2V, numa área de 72 hectares, considerada terminal de uso privado, no porto interno da estatal. “Os trâmites estão em processo de negociação para liberação da área”, lembrou Cavalcanti.
Fonte: Folha de PE
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