Há décadas, agricultores brasileiros adotam práticas sustentáveis para a produção de alimentos que servem de inspiração para outros países: integração de tecnologia, preservação ambiental e abordagens inovadoras
Apesar das críticas ambientais, a produção agrícola brasileira é considerada uma das mais sustentáveis mundialmente. Em média, os agricultores usam 50% do imóvel rural para cultivo, enquanto a outra metade é dedicada à preservação da vegetação nativa, conforme dados compilados pela Embrapa Territorial com base nas informações do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Considerando todos os imóveis rurais do País, a preservação da vegetação nativa representa 26,7% do território nacional. Um dos exemplos de sustentabilidade na agricultura está na produção sucroalcooleira.
A Usina Coruripe, maior empresa sucroenergética do Norte e Nordeste, mantém significativas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs): uma de 7 mil hectares de Mata Atlântica original no sul de Alagoas e outra de quase 20 mil hectares entre Minas Gerais e Bahia. “Essas florestas garantem a água que vai abastecer o nosso sistema de irrigação”, explica Mário Lorencatto, presidente da Usina Coruripe.
A operação da companhia é altamente integrada, aproveitando ao máximo a biomassa gerada pelo bagaço da cana. Essa biomassa é utilizada para abastecer as cinco unidades industriais, além de gerar energia elétrica. “Nós produzimos nossa própria energia elétrica de biomassa e ainda temos um excedente de mais de 500 mil megawatts por ano, que é exportado para empresas distribuidoras, sendo uma fonte de energia limpa”, explica Lorencatto.
Além disso, para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE), a empresa optou por usar o sistema ferroviário para transportar açúcar do extremo oeste do Triângulo Mineiro até o porto de Santos, em São Paulo. Desde junho de 2022, os 600 km são percorridos pela Ferrovia Norte Sul, partindo do terminal rodoferroviário em Iturama (MG). Até junho de 2024, o uso do trem em vez de caminhões evitou a emissão de 99,6 mil toneladas de CO2 equivalente.
Investimento em tecnologia
A adoção de tecnologias avançadas é um passo fundamental no processo de sustentabilidade na agricultura. O investimento contínuo tanto em máquinas eficientes, que utilizam menos combustíveis fósseis, quanto em pesquisas para o desenvolvimento de variedades de cana mais produtivas e resistentes a pragas, reduz a necessidade de defensivos e fertilizantes.
“As ferramentas não apenas impulsionam a produtividade e os resultados econômicos de nossa atividade, mas também contribuem para a eficiência dos recursos e a redução da pegada de carbono residual”, afirma Lorencatto.
Sustentabilidade na agricultura é um processo natural
Enquanto há investimentos para capturar carbono da atmosfera, a produção de cacau faz esse processo naturalmente. Isso significa que, em vez de liberar gases de efeito estufa no ar, as plantações de cacau absorvem uma quantidade significativa de dióxido de carbono. Essa absorção ajuda a reduzir o nível de carbono na atmosfera, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
Atualmente, o cultivo dessa cultura é considerado um exemplo de sustentabilidade ambiental e econômica. Além disso, a produção também promove o desenvolvimento sustentável nas comunidades da Mata Atlântica, como na Bahia e no Espírito Santo, e na região Amazônica, incluindo Estados como Pará, Rondônia e Mato Grosso.
Esses benefícios têm incentivado a expansão da cultura para outros Estados, como São Paulo, onde se estima que há 300 hectares de cacau plantados no noroeste do estado e outros 300 hectares no litoral e no Vale do Ribeira.
No Brasil, o setor movimenta anualmente cerca de R$ 21 bilhões, beneficiando mais de 93 mil produtores, conforme dados da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). A maioria desses agricultores são pequenos proprietários, que praticam a agricultura familiar em áreas de aproximadamente 5 a 10 hectares.
Sistemas sustentáveis
As discussões sobre sustentabilidade estão se intensificando, com uma pressão crescente, especialmente no setor de produção de alimentos. No entanto, os produtores brasileiros já estão à frente, adotando técnicas que ainda estão em fase de implementação ou sequer foram introduzidas em outros países.
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é um exemplo disso, combinando agricultura, pecuária e florestas na mesma área, o que torna a terra mais eficiente e produtiva. Nos Plantios Florestais, o cultivo de árvores para diversos fins contribui para a conservação do solo e da biodiversidade.
Além disso, a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) é um processo natural que converte o nitrogênio do ar em nutrientes utilizáveis pelas plantas, reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos.
Fonte: Agro Estadão
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