A semana foi de preços mistos e de escassos negócios envolvendo a soja no mercado brasileiro. Com Chicago recuando e o dólar subindo, os produtores não encontraram um quadro claro e optaram por priorizar os trabalhos de plantio à comercialização. A semeadura segue atrasada, devido ao clima seco, e gera certa preocupação aos agentes.
O plantio está de fato atrasado e as atenções da Bolsa de Mercadorias de Chicago estão voltadas para este tema. A avaliação é do analista e consultor de Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, feita durante o 8o Safras Agri Week, evento realizado na quarta e na quinta. “O atraso maior é, principalmente, em Mato Grosso”, lembra o entrevistado. “Mas também há em Mato Groso do Sul, Goiás e Minas Gerais”, enumera.
Mesmo neste cenário, o consultor acha cedo para se falar em problemas de produtividade no Brasil. “Ainda temos janela para plantar a soja”, explica.
Em relação ao mercado interno, a perspectiva é de preços firmes até o final do ano. “Os prêmios mais fortes sustentam as cotações”, explica o analista, acrescentando que o dólar e Chicago têm ajudado também. “As demandas de exportação e de esmagamento devem levar a estoques apertados no país”, prevê.
Para o longo prazo, tudo vai depender do tamanho da safra brasileira. “Hoje, o cenário é negativo para o início de 2025”, pondera Gutierrez Roque. Se a safra brasileira for cheia, há risco de queda expressiva nos preços domésticos.
Para a Bolsa de Mercadorias de Chicago, os gráficos mostram que há espaço para uma correção para baixo. “Nos últimos 15 ou 16 dias, a alta acumulada é de 10%”, informa o analista e consultor Rafael Silveira. “Isto pode levar a um movimento corretivo”, justifica. Se confirmado, o grão pode voltar a US$ 10,00 por bushel para o contrato novembro de 2024. “Depois de atingir este patamar, a bolsa deve trabalhar mais lateralizada”, aposta.
Para os subprodutos, o analista e consultor de Safras & Mercado, Gabriel Viana, prevê um final de ano complexo para o farelo e o óleo. “Não se deve deixar para adquirir na última hora, pois a oferta será apertada”, finaliza.
Mercado
A saca de 60 quilos recuou de R$ 135,00 para R$ 134,00 em Passo Fundo (RS), na primeira semana de outubro. Em Cascavel (PR), o preço seguiu em 139,00. Em Rondonópolis (MT), a cotação subiu de R$ 131,00 para R$ 134,00. No porto de Paranaguá, a saca subiu de R$ 142,00 para R$ 141,00.
Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos com vencimento em novembro, os mais negociados, tiveram desvalorização de 1,31% na semana, cotados a US$ 10,51 3/4 por bushel na manhã da sexta, dia 4. A previsão de chuvas benéficas ao plantio no Brasil, o avanço da colheita da maior safra da história dos Estados Unidos e o adiamento da entrada em vigor da lei antidesmatamento na União Europeia pressionaram as cotações.
O dólar comercial subiu 0,7% na semana na comparação com o real. No fechamento da quinta, a moeda era cotada a R$ 5,4745. A tensão crescente no Oriente Médio trouxe aversão ao risco e ajudou a elevar o dólar.
Por: Dylan Della Pasqua Fonte: Safras & Mercado
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