A moagem brasileira de cana-de-açúcar deve alcançar 572,87 milhões de toneladas em 2022/23, estimou hoje a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no segundo levantamento da temporada. O volume é 3,9% inferior à previsão divulgada pela companhia em abril e apenas 1% menor do que o total produzido no ciclo anterior.
A área de plantio da temporada, que vai de abril até março do ano que vem, foi reduzida em 1,2%, para 8,1 milhões de hectares — 2,6% menos do que no ciclo 2021/22. “A grande procura por áreas para o cultivo de soja e milho, devido aos preços atrativos dos grãos, foi apontado como o principal motivo para a perda de 217,3 mil hectares de área de produção”, diz a estatal, em nota.
Uma recuperação de 1,6% na estimativa de produtividade média sustenta o crescimento da produção total. Segundo a Conab, o rendimento deve ser de 70,5 toneladas por hectare. Entretanto, o índice de açúcar total recuperável (ATR) — oferta de açúcar na cana que será de fato aproveitado no processo industrial — é estimado em 133,2 quilos por tonelada, 6% menos que o do ciclo anterior.
Açúcar e etanol
Em função do menor ATR, a produção de açúcar deve cair. Segundo a Conab, serão 33,9 milhões de toneladas produzidas pelas usinas brasileiras neste ciclo, um decréscimo de 15,7% frente ao dado de abril e 3% menos do que no ano anterior.
Já a produção total de etanol, proveniente da cana-de-açúcar e do milho, foi prevista em 30,35 bilhões de litros, um aumento de 5,9% em relação à projeção de abril. Mas o biocombustível feito de cana deve somar 25,8 bilhões de litros, uma queda de 2,2% quando comparado ao ciclo 2021/22. No caso do etanol de milho, a produção foi estimada em 4,52 bilhões de litros, com um crescimento de 30,3% na base anual.
“A safra recorde de milho no Brasil, principalmente no Centro-Oeste, contribuiu para a desvalorização da cotação do grão no mercado disponível em julho. Apesar do valor ainda ser considerado elevado, a valorização do etanol no período estimulou as usinas a originarem de maneira agressiva no mercado, a fim de garantir o suprimento nos períodos de entressafra”, diz a estatal.
Fonte: Valor Econômico