A economia é a pauta central da corrida presidencial na Argentina neste 2023 e na medida em que os votos do primeiro turno vão sendo contabilizados – com Javier Milei, Sergio Massa e Patricia Bullrich liderando os trabalhos entre os cinco candidatos que concorrem à Casa Rosada – os mercados se ajustam para retomar seus negócios de olho em todas as notícias que partem do país sul-americano, que está mergulhado em uma crise bastante severa.
Assim, o que os mercados reservam para este pós eleições?
Segundo afirmam especialistas e analistas políticos e econômicos, o que os eleitores – e, claro, os investidores – passaram os últimos meses discutindo qual seria o candidato a trazer a Argentina de volta aos trilhos. No entanto, é quase um consenso absoluto que os argentinos amanheceram nesta segunda-feira (23) ainda sem um resultado claro e com a possibilidade de um segundo turno em 19 de novembro.
Todavia, já se espera que o dólar continue sua trajetória de alta frente ao dólar, bem como preços de uma série de produtos também deva subir em função desta relação cambial. Afinal, dois pontos importantes de atenção na proposta de Javier Milei, por exemplo, é a dolarização da economia argentina e a derrubada das retenciones, ou seja, a taxação das exportações dos produtos agropecuários, o que poderia- mesmo a longo prazo – ampliar a competitividade da nação sul-americano nos mercados internacionais, aumentado as vendas externas e, dessa forma, aumentando a entrada de divisas no país.
Tais expectativas, inclusive, fizeram com produtores e fornecedores de uma série de setores suspendessem as vendas de itens de todas as naturezads, de papel higiênico a peças automotivas, passando por alimentos e material de construção, segundo relata a agência internacional de notícias Bloomberg.
“Temendo que os seus depósitos em dólares não possam ser garantidos pelo governo, os argentinos retiraram quase 500 milhões de dólares dos bancos apenas na semana passada, até 17 de Outubro, segundo dados do banco central. Isso representa 3% do total de depósitos em dólares no sistema financeiro”, afirma a agência.
Frente ao caos instalado na economia argentina, o Banco Central argentino já elevou a taxa básica de juros do país por seis vezes somente este ano, com o índice alcançando 133% atualmente.
“Nosso painel sobre os fundamentos econômicos da Argentina mostra a situação mais precária das últimas duas décadas. O país assistiu a recessões mais profundas, aos maiores déficits da balança corrente e orçamentais e a uma maior dívida em relação ao PIB. Mas em 2023, é tudo isso. Acrescente-se a isso as reservas historicamente baixas, a falta de acesso aos mercados de capitais globais, a pouca ou nenhuma possibilidade de obter fundos adicionais do FMI e as difíceis condições globais”, afirmou a analista da Bloomberg, Adriana Dupita.
No dia seguinte às eleições primárias, em agosto, os mercados registraram uma segunda-feira caótica e o 23 de outubro não deverá ser diferente. Muitas incertezas ainda se acumulam e tudo ainda pode ter de piorar muito antes de melhorar, também segundo os especialistas. Até que o resultado se defina, a desesperança ainda marca o dia dos argentinos que anseiam por mudanças profundas.
Fonte: Carla Mendes / Notícias Agrícolas
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