Por Matheus de Souza e Elizabeth Lopes
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida ao Palácio do Planalto neste segundo turno, com 48% das intenções de voto, contra 41% do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), de acordo com pesquisa estimulada divulgada na tarde desta quinta-feira, 06, pela Genial/Quaest.
A principal movimentação ocorrida nessa mostra, em comparação com a pesquisa divulgada no último sábado, 1º, véspera do primeiro turno das eleições, ocorreu na região Nordeste. De acordo com a pesquisa, Lula, que tinha 71% dos votos nessa região, na pesquisa divulgada dia 1º, nas simulações de segundo turno contra Bolsonaro, pontua agora 62%, uma queda de 9 pp, fora da margem de erro de 2 pp.
Já o presidente e candidato à reeleição, que marcava 22% das intenções de voto no Nordeste na pesquisa anterior, tem agora 29%, um crescimento de 7 pp, também fora da margem de erro.
O levantamento é o primeiro da segunda etapa da disputa pelo Palácio do Planalto. De acordo com o instituto, votos brancos e nulos somam 4%. E indecisos totalizam 7%. O instituto também levantou a possibilidade de os eleitores mudarem o voto nesta segunda etapa. De acordo com o levantamento, 92% declaram que o voto em Lula é definitivo. Já entre os eleitores de Bolsonaro, 94% não pretendem mudar o voto. Sobre o maior temor do eleitorado, 46% afirmaram temer a reeleição de Bolsonaro e 42% a volta do PT.
A pesquisa entrevistou 2000 pessoas, entre os dias 3 e 5 de outubro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos, com índice de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-7940/2022.
A divulgação da pesquisa ocorre em meio à pressão do governo para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os institutos de pesquisa. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que antes dizia que a ferramenta era “muito forte”, afirmou há pouco que “se tiver fato determinado”, a Comissão será instalada.
As falas de Lira aconteceram ao mesmo tempo em que a pesquisa deveria ser divulgada, às 14h. No entanto, o levantamento veio à público com mais de uma hora de atraso. Nas redes, internautas cobraram a divulgação da pesquisa. Segundo a assessoria da Quaest, não houve motivo para a demora na divulgação. “Foi só um atraso”.
Avaliações
Em meio à divulgação de novas pesquisas eleitorais, como a Genial/Quaest na tarde de hoje, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prometeu pautar na próxima semana projetos que podem criminalizar pesquisas eleitorais, em meio à ofensiva do governo Bolsonaro sobre institutos que realizam levantamentos de opinião nas eleições.
O deputado disse que algumas propostas preveem, até mesmo, a prisão de responsáveis pelos levantamentos e não descartou a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso.
Na avaliação do advogado Fernando Neisser, a discrepância entre pesquisas e resultado das eleições não pode ser justificativa para criminalizar uma atividade tão essencial para a difusão de informação ao eleitorado.
“É preciso aproveitar o episódio para entender melhor como uma regulação inteligente pode contribuir para termos pesquisas com maior credibilidade, identificando problemas metodológicos, mas sem incorrer em um proibicionismo que o STF já afirmou e reiterou ser inconstitucional, diz Neisser, que é membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (ABRADEP) e do Instituto Paulista de Direito Eleitoral (IPADE) e membro da Comissão de Direito Eleitoral OAB/SP.
Para o advogado Cristiano Vilela, as declarações dadas pelo presidente da Câmara dos Deputados , Arthur Lira, a respeito de projeto de lei que estabeleça pena aos institutos cujas pesquisas que venham a apresentar erro em seus resultados, apresenta grave vício de constitucionalidade e não deve prosperar no Congresso.
“Não se pode censurar os institutos que promovam pesquisas de forma séria e com base em aspectos técnicos, simplesmente por apresentarem resultados distintos aos coletados na urnas, haja vista que os resultados são uma projeção matemática, não mantendo compromisso com a entrega de resultado efetivo”, destaca Vilela, que é membro da CAOESTE/Transparencia Electoral – Confederación Americana de los Organismos Electorales Subnacionales.
Ele complementa: “Pessoalmente, entendo que seja muito interessante o estabelecimento de um prazo mínimo, uma quarentena, entre a divulgação dos resultados de pesquisas e a data das eleições. Os resultados divulgados nas pesquisas finais podem influenciar sim na escolha do eleitor. Entretanto, não se pode tolher o trabalho ou criminalizar os institutos, especialmente à luz de cenários eleitorais fortemente influenciados por elementos externos como voto útil, abstenções, entre outros.”
Fonte: Estadao
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