No ano passado, conversei com muitos colegas sobre as perspectivas de aumento de área do algodão, sobretudo no Mato Grosso, estado que leva o título de maior produtor da cultura no Brasil.
A razão para apostarmos em um aumento expressivo de área estava ligada à comparação entre as margens do algodão e do milho 2ª safra. A forte queda nas cotações do cereal pressionou fortemente as margens de produção. Em contrapartida, de março de 2023 até dezembro do mesmo ano, vimos os ganhos por hectare do algodão crescendo.
Isso certamente influenciou na decisão dos produtores no Mato Grosso. Segundo a CONAB, a previsão de crescimento de área total (1ª e 2ª safra) deve superar 13% na temporada 2023/24 em comparação com a temporada 2022/23. Nesse ponto é preciso fazer um adendo: no ano passado, vimos áreas de soja dando lugar a lavouras de algodão primeira safra, ou seja, isso também influenciou no crescimento.
De qualquer forma, é um marco importante para a nossa agricultura, o MT deverá cultivar mais de 1,3 milhão de hectares nesta temporada.
Analisando os custos de produção, temos uma lavoura bastante cara. Os dispêndios com defensivos, fertilizantes são muito maiores, além de ser necessária uma estrutura muito mais robusta quando comparada com a soja e o milho.
Quando penso em poder de compra dos cotonicultores, nos últimos meses, percebemos que, no caso dos fertilizantes, a exemplo da ureia, os valores ficaram muito semelhantes às médias históricas. Um cenário totalmente diferente de 2022.
Se o clima ajudar, poderemos ter a maior produção brasileira de algodão da história. Obviamente, em um cenário de abundância de oferta, é fundamental pensarmos no comportamento dos preços e também das margens dos produtores.
Uma vez ouvi uma frase de um produtor que guardei: ele disse: “Quem quebra com algodão só levanta com algodão, quanto maior a altura, maior será o tombo”. Portanto, mais do que nunca, a gestão de risco é fundamental nesse caso. Penso que não basta apenas olharmos para as cotações em Nova York, precisamos também pensar no comportamento dos basis.
Enfim, é muito interessante ver que o hashtag#agro brasileiro cresce de todos os lados.
Fonte: Agrinvest Commodities
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