As afirmações recentes do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, de que a Caixa é o segundo maior banco do agronegócio e pretende atingir a primeira posição até o fim de 2024, são questionadas no mercado financeiro. Atualmente, o Banco do Brasil é líder com folga na concessão de crédito rural. Desde o início da temporada 2021/22, em julho do ano passado, até o início de junho deste ano, havia liberado aproximadamente R$ 140 bilhões para o agro, conforme informou seu presidente, Fausto Ribeiro, mais do que em toda a safra 2020/21, R$ 115 bilhões. A Caixa, entre julho de 2021 e o fim de maio de 2022, liberou R$ 27,1 bilhões em operações de crédito rural, 201% acima do registrado em igual período do ciclo 2020/21.
A segunda posição a que se refere Guimarães faz sentido quando se consideram as contratações de recursos pelo setor no acumulado da safra 2021/22 até abril, tomando por base somente bancos. Por este raciocínio, o Banco do Brasil permanece na liderança, com R$ 101,3 bilhões contratados no período, seguido de longe pela Caixa, com R$ 19 bilhões. Entre os dois bancos, entretanto, está a instituição financeira cooperativa Sicredi, com R$ 24,2 bilhões no mesmo intervalo de tempo. Somado todo o sistema cooperativo de crédito (Sicredi, Sicoob, Cresol e outras cooperativas), foram R$ 47,6 bilhões, de acordo com dados do Banco Central (Bacen) apresentados recentemente por Ribeiro à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
Pela métrica mais utilizada por bancos que atuam no agronegócio, o ranking da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a Caixa se encontrava na 8ª posição em março, com R$ 16,5 bilhões – pelos dados do banco, o saldo em carteira ao fim do primeiro trimestre era de R$ 21,2 bilhões. O cálculo da Febraban toma por base a carteira, ou seja, montante de crédito concedido pelo banco e ainda não amortizado por clientes, abrangendo crédito rural com juros de mercado e controlados, incluindo os equalizados pelo Tesouro, linhas dos programas agrícolas do governo federal (PAGF’s) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Funcafé, de fundos constitucionais do Centro-Oeste (FCO) e Nordeste (FNE) e alguns títulos do agronegócio (CPR, CDCA e, em alguns casos, CRA).
Na lista da Febraban, a Caixa ficava atrás de Banco do Brasil, Sicredi, Bradesco, Banco do Nordeste, Santander, Bancoob e Itaú, nesta ordem. Seu crescimento em carteira em um ano, contudo, foi o maior entre os concorrentes, 114%. De março para cá, os dados possivelmente se alteraram. Recentemente, a Caixa informou que as contratações em maio tinham somado R$ 6,098 bilhões e que havia R$ 8 bilhões “na esteira” para emprestar em junho.
Fonte: Estadao