A Marcopolo apresentou na terça-feira (6) o protótipo do primeiro ônibus híbrido a etanol. A expectativa da companhia é começar a produzir o modelo comercialmente no segundo semestre de 2025, provavelmente na fábrica de São Mateus (ES). O ônibus híbrido a etanol ainda não tem um preço de tabela, mas seu valor deve ficar entre os modelos a combustão tradicionais e o 100% elétrico.
O modelo promete autonomia em torno de 450 quilômetros, contra cerca de 250 quilômetros dos veículos 100% elétricos.
O setor já tem modelos híbridos circulando, como por exemplo o uso de hidrogênio junto com motores diesel ou com uso de gás, mas não associados ao etanol. A iniciativa de usar o combustível tipicamente brasileiro faz parte da estratégia da empresa de buscar soluções para cada mercado.
André Armaganijan, CEO da Marcopolo, faz um paralelo com o mercado de automóveis. Ele entende que cada país vai encontrar seu caminho na descarbonização e a empresa precisa estar preparada para atender às demandas específicas em cada região.
“A China foi direto para o elétrico, sem passar pelo híbrido. A solução híbrida é interessante, mas o que temos de avaliar é qual híbrido é melhor para o Brasil. Precisamos ver onde o país é forte. Seria no diesel ou no etanol? Para o fomento da indústria nacional e para o ambiente, o uso do etanol é muito melhor”, afirma.
Armaganijan entende que a descarbonização do setor tende a ganhar velocidade nas grandes cidades, com o uso do 100% elétrico. Mas em áreas mais afastadas, a dificuldade para instalar infraestrutura de carregamento retarda esse processo. Ele cita, por exemplo, os veículos vendidos dentro do Programa Caminho da Escola, que percorrem amplas regiões rurais onde o veículo elétrico puro teria dificuldades de abastecer.
A Marcopolo tem oito fábricas em seis países, entre próprias e com sócios, uma parceria nos EUA e três unidades no Brasil: duas em Caxias do Sul (RS) e uma no Espírito Santo. Além dos modelos a combustão, produz veículos 100% elétricos e híbridos a diesel.
Tradicional encarroçadora de ônibus, ou seja, monta a carroceria do veículo sobre chassis fornecidos por multinacionais como Scania e Mercedes, a Marcopolo passou a apostar no desenvolvimento de produtos sobre chassis próprios. O primeiro foi um 100% elétrico.
“Foi um passo importante entrar no elétrico. O desenvolvimento do elétrico permitiu à Marcopolo ter um ‘know-how’ para apostar em outras soluções de tecnologias”, diz Armaganijan. O chassi do modelo híbrido é derivado do chassi criado para o elétrico puro.
Por: Carlos Prieto | Fonte: Valor Econômico
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