Lançamentos da Caoa Chery, híbridos da Haval, força da BYD e consumo da JAC mostra potencial dos carros chineses
Os carros chineses estão iniciando uma nova onda no Brasil com potencial para mudar o mercado. A primeira onda aconteceu há uma década, quando os carros chineses não tinham muita qualidade construtiva, mas traziam equipamentos acima da média e “bombaram” nas vendas. Tanto que a Anfavea reagiu e o governo lançou o Inovar-Auto, um programa em defesa da indústria automobilística nacional.
Os recentes lançamentos da Caoa Chery (iCar 100% elétrico, Tiggo 8 híbrido plug-in e os híbridos leves Tiggo 5x Pro, Arrizo 6 Pro e Tiggo 7 Pro) foram um sinal claro de que o jogo está mudando. Na mesma toada, a BYD é atualmente a terceira montadora mais valiosa do mundo (US$ 120 bilhões), à frente da Volkswagen (US$ 111 bilhões), e já lançou dois carros de luxo no Brasil, o utilitário esportivo Tan EV (R$ 515.890) e o sedã Han EV (R$ 539.990). Mas logo a BYD lançará na China o popular elétrico Seagull (R$ 42.600 na moeda chinesa).
A JAC Motors também tem ambições e conseguiu um ótimo 3º lugar nas vendas de carros elétricos em maio, com 72 vendas do pequeno E-JS1, que chama atenção pelo baixo consumo elétrico. O JAC E-JS1 tem um consumo elétrico equivalente a 60 km/l na cidade, o que atrai a atenção num momento de alto custo da gasolina e do etanol.
Esta semana, a gigante GWM (Great Wall Motors) revelou os sistemas híbridos que irá usar em sua primeira fase no Brasil, ainda antes de iniciar a produção na fábrica de Iracemápolis (SP), que comprou da Mercedes-Benz. Assim como a Caoa Chery, a GWM usará a nova DHT (Dedicated Hybrid Technology), que dá aos carros híbridos maior alcance. A GWM iniciará com duas marcas: Haval (SUVs) e Poer (picapes). Depois virão a Tank (que fabrica “jipinhos”) e a Ora (que está lançando o “Fusca chinês”).
O Haval H6 chegará em sua nova geração com potencial de ser um anti-Jeep Compass 4xe (versão híbrida plug-in importada da Itália). Mas, o Haval H6 também terá versões híbridas completas (como os Toyota Corolla Cross e Corolla sedã e o Honda Accord).
O HEV (híbrido completo) utiliza o powertrain 1.5T+DHT130, composto pelo motor a combustão 1.5 turbo e um Dual Motor que despejam no eixo dianteiro entre 243 cv e 393 cv de potência (179-289 kW) e de 530 a 570 Nm de torque, com aceleração de 0 a 100 km/h entre 8,0 e 6,5 segundos. O PHEV (híbrido plug-in) é equipado com essa mesma configuração técnica, mas adiciona uma bateria maior, que possibilita uma autonomia elétrica de até 200 km.
A GWM conta ainda com o PHEV P4, que usa um powertrain 1.5T+DHT130+P4, o que acrescenta um motor elétrico extra no eixo traseiro, resultando em uma potência máxima entre 393 cv e 483 cv (289-355 kW), torque de 762 Nm e aceleração de 0 a 100 km/h entre 5,0 e 4,8 segundos, com até 180 km de autonomia elétrica.
Vai ser uma guerra de tecnologia e também de números. Segundo a Caoa Chery, o Tiggo 8 Plug-in Hybrid, com três motores, tem 317 cv de potência e 555 Nm de torque, além de uma transmissão inédita de 11 marchas e capacidade para fazer 42,7 km/l de gasolina (consumo ainda não confirmado pelo Inmetro). O carro já está em pré-venda por R$ 269.990, considerado um preço competitivo para sua categoria, pois o Jeep Compass 4xe, que tem um porte menor, custa R$ 349.990.
Também não podem ser desprezados os híbridos leves com bateria de 48V, pois esse sistema deixa o motor a combustão mais potente, mais econômico e mais eficiente. Embora não seja chinesa e sim coreana, a também asiática Kia Motors tem obtido boas vendas com o SUV Stonic (R$ 147.990), que lidera o segmento de híbridos leves com motor de 120 cv e bateria de 48V.
Em 2012, a primeira onda de carros chineses foi interrompida com uma taxação excessiva que os carros importados receberam no Inovar-Auto. Uma década depois, o governo novamente pode ser decisivo. Atualmente, os carros 100% elétricos não pagam imposto de importação e os híbridos pagam taxas pequenas, o que levou a Caoa Chery a fechar a fábrica de Jacareí (SP), pelo menos momentaneamente, para investir no pequeno iCar.
O Caoa Chery iCar (R$ 139.990) e o Renault Kwid E-Tech (R$ 146.990), que também vem importado da China, disputam qual é o carro elétrico mais barato do Brasil. Esse título, aliás, foi inicialmente do JAC E-JS1 (R$ 159.900) com seu motor de 62 cv (46 kW) e alcance de 302 km. O iCar tem 61 cv (45 kW) e 282 km de alcance, mas já traz o automóvel concebido para ser um elétrico e não adaptado. O Kwid E-Tech tem 65 cv (48 kW) e 298 km de autonomia.
A segunda onda de carros chineses no Brasil se diferencia da primeira onda porque agora, além da novidade da propulsão elétrica ou híbrida, os modelos que vêm da China agregam design atraente e qualidade construtiva. Além disso, alguns já são fabricados no Brasil, como o Tiggo 5x Pro Hybrid e o Tiggo 7 Pro Hybrid. A JAC Motors aposta alto nos carros elétricos e atualmente tem a linha mais diversificada do Brasil.
Por enquanto, a linha JAC vai do subcompacto E-JS1 (R$ 159.900) ao caminhão urbano iEV1200T (R$ 469.900). Entre eles há o SUV E-JS4 (R$ 256.900), o sedã E-J7 (R$ 259.900), a picape iEV330P (R$ 369.900), o caminhãozinho VUC iEV350T (R$ 329.900), e o furgão iEV750V (R$ 389.900). O que atrapalha um pouco a popularização dos carros da JAC Motors é o nome dos modelos — uma mistura de letras e inúmeros muito difícil de memorizar. Outro fator que pode ser decisivo para a JAC no futuro é sua associação com a Volkswagen na China. A próxima geração de carros deverá trazer conceitos da marca alemã.
Na onda atual, com os carros nacionais cada vez mais caros, os carros chineses ganham campo para crescer com a importação com taxa zero ou baixa para veículos elétricos e híbridos. Hoje as marcas chinesas estão mais maduras e isso pode mudar o jogo do mercado.
Fonte: Terra.com