Por conta da escassez de chuvas, tendência é de que produção nas usinas de cana recue e o valor deixe de compensar frente ao custo da gasolina
Em vigor há um ano, os preços atrativos do etanol estão com os dias contados e um dos principais responsáveis é a escassez de chuvas, um problema que se arrasta em boa parte da região central do Brasil desde outubro do ano passado.
A previsão de que os preços vão sofrer significativo aumento nas bombas foi anunciada nesta terça-feira (7) por analistas do Itaú BBA, durante a quinta edição do evento Visão Agro, da qual o Correio do Estado participou, na sede da instituição, em São Paulo.
Conforme esta previsão, a oferta de etanol tende a cair a partir de setembro e logo em seguida os preços do combustível devem aumentar, chegando à proporção de 75% do valor da gasolina nas bombas. E, a partir do momento em que ultrapassa os 70%, ele já deixa de ser vantajoso para o consumidor.
E, conforme a estimativa dos analistas do Itaú, nem mesmo a chegada do etanol de milho conseguirá alterar este cenário. Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia), a produção de etanol do Centro-Sul na safra 2023/24 foi de 33,6 bilhões de litros, sendo 27,4 bilhões de etanol de cana e 6,3 bilhões de etanol de milho.
Atualmente, segundo dados divulgados pela consultoria do Itaú, o Brasil tem 21 usinas de etanol que utilizam o milho como matéria prima, quase todas localizadas na região Centro-Oeste. Destas, 11 estão em Mato Grosso, 6 em Goiás, duas em Mato Grosso do Sul, uma no Paraná e uma em São Paulo.
O Itaú BBA projeta a produção brasileira de etanol de milho em 7,5 bilhões de litros na safra 2024/25, um aumento de 19% sobre a safra 2023/24 (6,3 bilhões de litros). Com isso, a expectativa é de que o etanol do cereal represente 23% da produção total do biocombustível. A expectativa é de que a produção total deve ficar em 32,3 bilhões de litros (1,3 bilhão a menos que na anterior). Na safra passada, o etanol de milho significou 19% da produção brasileira total.
Mas, apesar deste incremento, segundo o analista Lucas Brunetti, a tendência é de que haja escassez de etanol no mercado e isso deve provocar alta de preço nas bombas em praticamente todo o país. E esta queda na oferta, explica, é por conta da falta de chuva ao longo dos últimos meses na região central e no sudeste brasileiro.
VANTAGEM
Com o preço atrativo, a venda de etanol nos postos de Mato Grosso do Sul aumentou em 104% no segundo semestre do ano passado na comparação como primeiro, saltando de 65,5 milhões de litros para 133,5 milhões de litros, de acordo com dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz)
Se for levado em consideração o comparativo entre os 12 meses de 2022 com igual período do ano seguinte, o crescimento nas vendas foi menor, de 37,9%, saindo de 144,24 milhões para 199,97 milhões de litros. Esse crescimento anual só não foi maior porque o preço mais vantajoso passou a vigorar a partir do segundo semestre.
Em Mato Grosso do Sul, o preço médio do etanol nas bombas é de R$ 3,84, conforme pesquisa divulgada pela ANP no final de julho. É o segundo menor valor médio do País, ficando atrás apenas de Mato Grosso, onde o custo médio é de R$ 3,69.
E o comportamento recente dos preços indica que a previsão pessimista do analista pode estar no caminho certo. Na pesquisa anterior, divulgada no dia 20 de julho, o preço médio nas bombas em Mato Grosso do Sul era de R$ 3,66. Ou seja, em uma semana os preços subiram 4,9%.
Se a comparação for com os valores de janeiro, R$ 3,23, a alta já chega a 18,8%. Porém, como o preço da gasolina também subiu, o etanol segue sendo vantajoso.
Por: Neri Kaspary Fonte: Correio do Estado – Campo Grande/MS
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