No período, 3,84 milhões de créditos foram negociados; usinas certificadas no RenovaBio emitiram mais de 1 milhão
O preço médio dos créditos de carbono (CBios) do programa RenovaBio começou junho abaixo do que vinha sendo visto no mês anterior. Entretanto, os valores voltaram a subir e, na primeira metade do mês, os papéis foram negociados entre R$ 118,55 e R$ 147,90. O preço mais alto, registrado no último dia 15, foi um novo recorde para o programa, que está em vigor desde 2020.
Os dados fazem parte do acompanhamento do mercado de CBios realizado pela bolsa de valores brasileira (B3), única entidade registradora do programa. Conforme cálculos do NovaCana, realizados a partir dos dados da B3, o valor médio da quinzena ficou em R$ 127,45 por CBio. Com isso, o preço mais que dobrou em relação à média histórica do programa, de R$ 57,50. Além disso, ele também é 224,2% maior do que a média de 2021, de R$ 39,31, e está 29,5% acima do acumulado de 2022, de R$ 98,43. Já na comparação com a última quinzena de maio, o acréscimo é de 12,3%, mantendo a tendência de alta.
Desde a implantação das negociações, em junho de 2020, os CBios foram vendidos entre R$ 15 e R$ 147,90. Este ano, por sua vez, os preços variaram entre R$ 31,99 e R$ 147,90. Na primeira quinzena de junho, 3,84 milhões de créditos foram negociados, uma queda de 21% em comparação com os 4,86 milhões vistos na segunda metade de maio, mas uma alta de 142,1% ante os 1,59 milhões de CBios negociados no mesmo período de 2021. “Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.
Emissões de CBios
Mesmo com a retomada de produção de etanol e o início da safra de cana-de-açúcar 2022/23, foram emitidos apenas 1,01 milhão de CBios na primeira quinzena de junho, uma queda de 48,6% na comparação com maio. Ainda assim, houve um aumento de 1,3% ante o mesmo período do ano passado. Desta forma, a quantidade de títulos gerados em 2022 chegou a 13,27 milhões. Com a queda quinzenal, o total segue 0,9% abaixo dos 13,39 milhões de créditos vistos na primeira quinzena de junho em 2021. Atualmente, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 312 unidades participam do RenovaBio. Destas, três fabricam biometano e outras 32, biodiesel. Dentre as 277 usinas de etanol certificadas, 267 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; cinco processam cana e milho; quatro, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada. Desde a implementação do RenovaBio até o momento, mais de 62,75 milhões de CBios já foram emitidos.
Posse e aposentadoria dos créditos
Além do número de CBios gerados em 2022, o setor ainda conta com os créditos excedentes do ano anterior. Assim, ao final da primeira quinzena de junho, 20,13 milhões de títulos estavam em circulação. Destes, 82,3% estavam em posse das distribuidoras com metas a cumprir, totalizando 16,57 milhões de títulos. Já as usinas certificadas no programa detinham 3,04 milhões de CBios, equivalente a 15,1% do total. Os 521,62 mil créditos restantes (2,6%) estavam com investidores sem metas.Para completar, 3,59 milhões de créditos já foram aposentados no ano – com 586,07 mil créditos deixando de circular apenas na primeira quinzena de junho. O volume total equivale a 10% da meta oficial do RenovaBio para 2022, de 35,98 milhões.
Considerando tanto os papéis em circulação quanto os aposentados ao longo de 2022, o número de títulos disponibilizados ao mercado sobe para 23,72 milhões. Neste caso, o montante é suficiente para o cumprimento de 66% da meta.Como a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, é possível que uma parte deste total seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa. Ainda que esteja previsto que a retirada de títulos feitas pelas chamadas “partes não obrigadas” possa ser deduzida dos objetivos finais do RenovaBio, as aposentadorias de 2022 devem ser contabilizadas em 2023.
A ANP aprovou, no último dia 15, uma consulta pública sobre a inclusão de um dispositivo em resolução da autarquia, o que poderá resultar na diminuição das metas individuais de compra de créditos pelas distribuidoras. De acordo com a agência, os detalhes, como prazos para tais reduções, serão divulgadas posteriormente, após publicação no Diário Oficial da União (DOU).
Giully Regina – NovaCana