A Raízen apresentou ontem, 23, à imprensa a área onde está sendo construída a primeira planta de produção de biometano de Piracicaba (SP), com capacidade para 26 milhões de metros cúbicos por ano do gás natural renovável. Segundo a empresa, serão investidos R$ 300 milhões na obra, em uma área de 300 mil metros quadrados, cuja produção já está totalmente vendida antecipadamente para a Volkswagen (setor automobilístico) e a Yara (setor de fertilizantes).
De acordo com a diretora agroindustrial da Raízen, Thaís Fornícola, a unidade deve entrar em operação em 2023 e integra o projeto da empresa de ampliar o ciclo de produtos renováveis derivados da cana-de-açúcar. De olho na sustentabilidade, a empresa afirma buscar por uma redução expressiva de sua pegada de carbono, seguindo uma tendência global que tem atraído fortes investimentos industriais.
Segundo a Raízen, o biometano tem potencial para reduzir em mais de 90% as emissões diretas de gases de feito estufa quando comparado aos combustíveis fósseis. Até 2030, a meta do grupo é ter 39 plantas de biogás em operação, sendo que 70% da produção será feita a partir da vinhaça e 30% com a torta de filtro.
A planta em Piracicaba terá dois processos separados: um abastecido por vinhaça, como matéria prima, e outro por tortas de filtro, ambas são resíduos da produção de etanol de primeira e segunda geração.
O complexo teria capacidade para abastecer 200 mil consumidores residenciais por ano. O biometano é usado como substituto do gás natural, diesel ou gás liquefeito de petróleo (GLP). O resíduo final da operação é adubo, utilizado no plantio da própria cana
Etanol de segunda geração
Na ocasião, a Raízen também promoveu uma visita à usina de etanol de segunda geração (E2G) localizada na cidade. Utilizando bagaço e da palha da cana, a unidade tem capacidade para produzir até 30 milhões de litros por ano.
Segundo a Raízen, o produto tem atraído o mercado internacional, justificando investimentos em três novas unidades localizadas outras cidades do estado, com capacidade de 82 milhões de litros por ano, ao valor de R$ 1 bilhão cada uma. A primeira deve entrar em operação em 2023 e as outras duas em 2024.
De acordo com Thaís Fornícola, a empresa quer ser a protagonista da mudança energética do país. Hoje, o E2G é consumido pela Fórmula 1 e, segundo a empresa, isso acontece sem perda de potência dos veículos.
Atualmente, a Raízen é responsável por 16% do mercado brasileiro de etanol, mas a companhia visa crescer mais. Uma das pesquisas em andamento quer aumentar a produtividade da lavoura a partir do terceiro ano. “Esse é mais um dos nossos desafios”, conclui a diretora.
Romualdo Cruz Filho
Fonte: Gazeta de Piracicaba