A Raízen vai inaugurar a safra sucroalcooleira 2023/24, em abril, com o início da construção de duas novas usinas de etanol celulósico, ou de segunda geração (E2G): uma anexa à Usina Vale do Rosário, em Morro Agudo (SP), e outra à Usina Gasa, em Andradina (SP). Cada uma consumirá R$ 1,2 bilhão em investimentos, anunciados em 2021.
Com as duas novas plantas, a Raízen terá agora cinco obras de unidades de E2G em andamento. Uma delas, a Usina Bonfim, em Guariba (SP), deve ficar pronta no segundo semestre. Como ainda há o trabalho de comissionamento, a operação comercial nesta temporada ainda deve ficar longe de seu potencial, de 82 milhões de litros de etanol ao ano – capacidade padrão das plantas de etanol celulósico da Raízen.
O E2G é hoje a linha de investimento que mais recebe atenção da empresa. Até o terceiro trimestre deste ciclo, a Raízen desembolsou R$ 818 milhões em plantas de E2G, dentro de um pacote de R$ 1,5 bilhão em investimentos.
O início das novas obras marca o fortalecimento do ritmo de aportes da Raízen em renováveis, que pretende daqui para a frente manter a toada de iniciar a construção de duas novas plantas de E2G as cada safra, afirma Francis Quenn, vice-presidente de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen, ao Valor.
A companhia já comercializou a maior parte da produção das plantas de E2G em Morro Agudo e Andradina para diferentes clientes internacionais. Segundo Queen, a Raízen busca acertar a venda de 80% do etanol celulósico que uma unidade é capaz de produzir em contratos de longo prazo.
Em novembro, a Raízen anunciou a venda de 3,3 bilhões de litros de etanol celulósico à Shell, que garantiriam a construção de cinco novas plantas e consumirão, a princípio, R$ 6 bilhões em investimentos. Essas unidades ainda não começaram a ser construídas.
Praticamente toda a produção do E2G da Raízen vai hoje para a União Europeia (UE). “A Europa está muito firme no dilema de ´food versus feel´ e está puxando a agenda de combustível a partir do resíduo. A gente provê a solução que eles estão procurando, tem uma aderência muito grande no mercado europeu”, afirmou o executivo.
Além do uso do renovável em veículos leves e na indústria em geral, já há previsão para que o etanol celulósico da Raízen atenda as indústrias produtoras de bioquerosene de aviação, que pode ser feito com o etanol.
A Raízen é hoje a única fornecedora de etanol celulósico do mundo com capacidade para atender a nascente indústria de SAF, mas já há outros investidores caminhando nessa estrada, como a também brasileira GranBio. Do lado da indústria de SAF, já há empresas apostando na rota do E2G, como a LanzaJet e a Honeywell Sustainable Technology Solutions.
Queen diz que a Raízen também está tentando convencer fabricantes de navios para testar o etanol como combustível. “É uma solução muito prática para a descarbonização de transporte marítimo.”
Fonte: Valor Econômico
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