São Paulo espera receber R$ 70 bilhões de investimentos em data centers, diz governador
O governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta segunda-feira, 21, que os investimentos em data centers no estado devem atingir R$ 70 bilhões nos próximos meses, e que a intenção é expandir a oferta de energia fotovoltaica e bioeletricidade para suprir a demanda.
“São hoje R$ 50 bilhões em projetos já em execução de obra, isso deve crescer nos próximos meses para R$ 70 bilhões”, apontou durante evento sobre transição energética promovido pela Veja.
Segundo o governador, a chave para atrair investidores internacionais está na capacidade de São Paulo de fornecer “energia limpa, relativamente barata, oferta de água, boa infraestrutura e mão de obra qualificada”.
Para suportar a crescente demanda desses centros de processamento de dados, o governo estadual planeja expandir as fontes de energia renovável, com foco na solar fotovoltaica e bioeletricidade a partir do setor sucroenergético. “O estado tinha zero de fotovoltaica há poucos anos e hoje já tem 6% da sua produção em fotovoltaica. Foi um crescimento relevante, e que deve continuar nos próximos anos”, afirma.
Freitas reconheceu ainda que os incentivos fiscais concedidos ao setor solar nos últimos anos foram fundamentais para esse avanço.
Aposta na bioenergia
Um dos pilares da estratégia de São Paulo para garantir a segurança energética é o aproveitamento do potencial da biomassa de cana-de-açúcar.
O estado, historicamente conhecido pela produção de etanol, está agora ampliando seu horizonte de uso da cana, com foco na produção de etanol de segunda geração, biogás, biometano, hidrogênio e combustível sustentável de aviação (SAF). “A cana-de-açúcar nos salvou durante a crise do petróleo no final dos anos 1970 e, agora, estamos redescobrindo o seu potencial”, disse o governador.
Ele destacou o plano estadual de energia de São Paulo para 2050, que prevê investimentos de R$ 20 bilhões, com uma grande parte vindo do setor privado e direcionado para o desenvolvimento do biogás e biometano.
A previsão é que vinte novas unidades sejam instaladas nos próximos dois anos. Hoje, são quase 180 usinas registradas, das quais 70 estão próximas de gasodutos existentes, apresentando uma vantagem logística para a produção e transporte do biometano. “Vamos estimular e dar os incentivos para que a gente possa ter mais biodigestores nas propriedades, justamente para aproveitar esse potencial do biogás, do biometano”, afirmou.
O governo de São Paulo também já preparou um projeto de lei para isentar o IPVA de caminhões e ônibus movidos a hidrogênio, biogás, biometano e os híbridos que tenham como segunda fonte o etanol. “Outra aposta nossa é o hidrogênio que vem a partir da reforma do etanol”, disse.
Para testar e tecnologia, um protótipo operacional na Universidade de São Paulo (USP) está sendo usado para estudos de viabilidade. Um posto de abastecimento utiliza etanol para produzir hidrogênio e abastecer veículos elétricos movidos a célula de combustível. O projeto é resultado de uma parceria entre Shell, Raízen, Hytron, USP e Senai CETIQT.
Segundo Tarcísio, esse método resolve dois grandes desafios do hidrogênio de baixo carbono: o transporte e o armazenamento. Ao utilizar a logística já existente para o etanol, São Paulo consegue armazenar e transportar essa matéria-prima para realizar a conversão para hidrogênio no momento do abastecimento.
“A grande vulnerabilidade do hidrogênio é o transporte, mas nós podemos usar a infraestrutura que já temos do etanol”, explicou.
Incentivos à indústria
Outro esforço do governo é no desenvolvimento de veículos híbridos e elétricos, por meio de incentivos fiscais, como a calendarização de créditos de ICMS. “A indústria automobilística, só no estado de São Paulo, deve fazer R$ 50 bilhões de investimentos nos próximos anos, com foco principalmente no híbrido flex e no elétrico”, afirmou o governador.
Além disso, a parceria com a Boeing, que está instalando um centro de engenharia em São José dos Campos, na avaliação do governador, reforça a expectativa que o estado se torne um dos maiores produtores SAF no mundo.
“Vai faltar oferta para a demanda que vem aí. Vamos começar a ver a venda casada: o desenvolvimento de motores e de aeronaves casado com o fornecimento do combustível sustentável de aviação, e São Paulo vai sair na frente”, disse.
No início do mês, a Geo Biogas & Carbon anunciou uma parceria com a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) para uma primeira planta de SAF, em São Paulo, a partir de biogás, em conjunto com a Copersucar. O objetivo é desenvolver em escala comercial um modelo de produção sustentável e que utiliza resíduos de biomassa como fonte de carbono biogênico.
O projeto envolve investimentos de 7,8 milhões de euros, dos quais 1,5 milhões de euros serão recursos do Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha, que serão implementados pela GIZ, no âmbito do Programa develoPPP.
Por: Gabriel Chiappini Fonte: Nova cana
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