Para o vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis América do Sul, João Irineu Medeiros, a expansão da oferta de veículos híbridos movidos a etanol vai permitir uma transição mais gradual da frota brasileira em direção à eletrificação.
“Na medida em que investimos nos motores híbridos elétricos, vamos fazendo uma transição equilibrada do ponto de vista ambiental, econômico e social, combinando essa tecnologia da eletrificação e estimulando o uso do etanol“, defendeu em entrevista à agência epbr.
O setor de transportes é responsável pela maior parte das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) e a substituição de frotas é uma das ações adotadas para lidar com os impactos das mudanças climáticas.
Na Europa, a estratégia é a eletrificação. No Brasil, e no hemisfério Sul, a Stellantis, que reúne as marcas Fiat Chrysler, Peugeot e Citroën, acredita ser possível seguir outra rota.
Recentemente, a montadora anunciou que vai lançar no Brasil, até 2024, três modelos de veículos com motores híbridos-flex e um totalmente a etanol.
Os híbridos são os modelos preferidos dos brasileiros. Em 2022, cerca de 62% das vendas de eletrificados no país foram de veículos híbridos.
Medeiros explica que diferentes realidades levam a diferentes comportamentos em relação à eletrificação, mesmo na Europa. A estratégia da montadora franco-ítalo-americana é trazer essa experiência para o cenário da América do Sul, considerando a relevância do mercado automotivo brasileiro na região.
“Não ficamos presos à análise da solução, mas olhamos para o desafio, que é a descarbonização. A matriz energética brasileira tem um potencial enorme de descarbonização e já vem fazendo um dever de casa que muitas vezes não é contabilizado”.
Como exemplo, cita a matriz elétrica com mais de 80% de participação de renováveis, e a forte presença do etanol no mix de combustíveis que abastece os veículos leves.
A velocidade dessa transformação, no entanto, depende da implementação de uma política mais abrangente.
O governo brasileiro tem discutido iniciativas relacionadas à industrialização de baixo carbono no setor automotivo por meio do programa Combustível do Futuro, e do Rota 2030, para estimular o desenvolvimento de novas tecnologias de descarbonização.
Segundo Medeiros, a política de fomento aos biocombustíveis é o caminho para uma transição energética mais harmoniosa.
Atualmente, 27,5% da gasolina vendida nos postos tem etanol, e o governo estuda elevar esse percentual para 30%.
“O Combustível do Futuro é estratégico para que a gente possa desenhar essa transição energética de uma forma equilibrada. O pensamento da Stellantis se alinha muito aos conceitos do programa”, afirma.
A montadora tem meta de reduzir 50% das emissões de carbono até 2030 e alcançar o net zero já em 2038. Até o final desta década, planeja eletrificar 20% da linha de produtos.
Fonte: Agência epbr
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