Historicamente, a vinhaça sempre foi um estorvo para as usinas. Veja bem, são, em média, 12 litros por litro de etanol. Ou seja, se o Brasil produz atualmente cerca 30 bilhões de litros de etanol por ano, são 360 bilhões de litros de vinhaça por ano. É aproximadamente, 1/3 do Sistema Cantareira (um dos maiores do mundo e que abastece a grande São Paulo).
Era um parto dar destino para ela. Inicialmente, lá pelos anos 50, descartava-se no rio. Claro, que deu “ruim” e a pratica foi proibida no final dos anos 60. Diante disso, surgiram no final dos anos 70, as áreas de sacrifício. O nome já diz tudo. Áreas inundadas, que não serviam mais pra nada. Deu “ruim” de novo, gerando nova série de problemas, como a contaminação do lençol freático. Até que em meados dos anos 2000, vieram as normativas da CETESB, estabelecendo quantidades máximas a serem aplicadas em determinadas áreas. O raio de aplicação aumentou. E o conhecimento também.
É verdade que muitos dos estudos sobre a vinhaça, seu potencial como fonte de nutrientes, água, etc, não são de hoje. Mas, os últimos anos foram fantásticos. Não dá pra destacar uma data específica. No entanto, é notável o crescimento da sua importância. A safra 22/23 que o diga. Lembram? Da explosão do preço dos insumos e a proliferação dos projetos de vinhaça localizada? E também dos projetos de biogás, que seguem em crescimento.
Pois bem, coloquei a brincadeira do mendigo Givaldo justamente para ilustrar essa relação. Lembram? Que tomou um “cacete” do personal trainer ao ser pego num rala e rola com a mulher do cara? E depois disso ficou famoso, foi pra balada, andava com celebridades, etc. Do lixo ao luxo, meu amigo.
Só há uma diferença na analogia: a fama da vinhaça não será passageira. É caminho sem volta. Daqui pra frente é só pra cima.
Por: João Rosa (Botão), Engenheiro Agrônomo, Diretor do Pecege Projetos e do “Canal do Botão”.
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