Condições climáticas favoráveis para os canaviais levaram a multinacional Tereos a revisar para cima suas projeções de resultados operacionais para a safra 2023/24 no Brasil.
Em abril, quando a temporada começou, a companhia projetava moagem de 19 milhões de toneladas e, agora, passou a estimar 20 milhões.
A nova estimativa supera em 15,6% o volume de cana processado no país na safra anterior, de 17,3 milhões de toneladas, e ainda deve permitir um crescimento nas exportações de açúcar.
“A situação da cana já está dada. O El Niño no Centro-Sul do Brasil não vai ter tanto impacto como na Índia e Tailândia. Nesses países o El Niño vai fazer diferença”, disse Pierre Santoul, diretor-presidente da Tereos Brasil, em entrevista à reportagem.
Com mais matéria-prima disponível, a empresa pretende produzir 1,8 milhão de toneladas de açúcar, 595 milhões de litros de etanol e gerar 1,5 GWh de energia elétrica.
No início desta safra, a perspectiva era de fabricação de 1,7 milhão de toneladas de açúcar e 575 milhões de litros de etanol.
As previsões novas ficaram ainda maiores que os resultados de 2022/23, quando a companhia produziu 1,6 milhão de toneladas de açúcar, 480 milhões de litros de etanol, além de ter gerado 1,4 GWh de energia a partir da biomassa da cana.
No cenário mais favorável, a companhia disse ainda que pretende exportar 82% do açúcar que será fabricado no ciclo atual, ante 70% na safra passada.
Segundo o presidente, as cotações da commodity estão em patamares atrativos, mas a dimensão dos efeitos do fenômeno climático El Niño sobre os principais países concorrentes dos brasileiros no mercado internacional é o que deve ditar os preços do açúcar nos próximos meses.
“Se você tem um impacto muito forte na Tailândia e Índia, pode pressionar ainda mais os preços (para cima)”, acrescentou.
Aproveitando o momento positivo nas cotações da commodity, a Tereos já fixou cerca de 93% do preço do açúcar para a safra 2023/24, e outros 50% já estão fixados para a próxima temporada, de 2024/25.
Santoul considera que a empresa acertou em manter o mix de produção destinando cerca de 68% da cana para o açúcar, enquanto a maior parte das usinas do setor está em torno de 48%. “Isso traz um benefício econômico”, afirmou.
Ainda em relação ao fenômeno El Niño, ele disse que o principal efeito que pode acontecer para os canaviais brasileiros é a extensão do período de moagem.
“A safra vai ser mais longa. Vai depender do clima, se tem chuvas normais, e se tem chuvas mais intensas do que o previsto terá que entrar no mês de dezembro processando. É um jogo muito difícil de prever”, disse. Em anos sem El Niño, as usinas do Centro-Sul começam a finalizar a moagem, em geral, em outubro.
Fonte: Globo Rural
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